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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Artroplastia Total de Quadril 3 - Sobre informação, tecnologia, corrupção e o quico

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Às vezes, a resposta a um simples comentário registrado no blog sai do controle, cresce e vira post.

O e-mail provocador: 
By-the-way, MJo, desculpe, é o Antonio de novo, sei que o blog não é de patologias de quadril - mas é incrível como é aqui o lugar onde mais se encontra informações da vida real de quem vive esta realidade. E queria sinceramente agradecer - a vc que abriu o espaço e às pessoas que compartilharam suas dores e experiências.
O resultado:

De longe, o que mais dá IBOPE neste Blog são as questões que envolvem as patologias de quadril e os meios que uma pessoa comum (nós) tem à sua disposição para lidar com elas. Ou não tem.

Na última semana, de 12 a 19/out, as estatísticas do Blogger registraram mais de 550 acessos aos posts “Artroplastia Total de Quadril” e “Artroplastia Total de Quadril 2”. É muito, mas também é pouco.

Quero dizer com isso que muitas das dúvidas e questões levantadas pelos leitores permanecem sem resposta.

Primeiro porque não somos profissionais da área de saúde. Somos os “padecentes”.

Segundo, porque este não é um blog com viés comercial. Duvidamos de propagandas e recebemos com muito cepticismo as promessas de intervenções miraculosas.

E terceiro porque, entre os nossos leitores, são proporcionalmente poucos os que se dispõem a relatar e compartilhar suas experiências.

Recebo as palavras elogiosas do Antônio com um misto de tristeza e satisfação. De um lado, tem o “que bom que o blog é útil!”.  De outro, um “puta-que-pariu, como é que pode haver uma carência tão grande de informação sobre um assunto que afeta a tanta gente!”.

Em outro comentário, Antônio também pergunta sobre um tratamento chamado “cartilage repair” e sobre processos de recuperação de cartilagens com utilização de células tronco.

Eu não sei nada sobre isso. Até agora, ninguém falou aqui em “cartilage repair” ou em artroscopia com injeção de células tronco. Só posso googlar e imaginar .

E imagino que deva ser uma coisa sensacional, em fase de experiência, ainda restrita a centros médicos de ponta, como qualquer pesquisa que envolva células tronco. Infelizmente, para o cidadão comum leigo e desinformado, células tronco tangenciam a ficção científica e são apenas notícias de jornal, motivo de longas e infundadas discussões entre cristãos e hereges. Pau-a-pau com a clonagem de seres humanos. Aliás, qual a diferença mesmo?

Antes que alguém responda, vou já avisando: isto foi uma ironia, acordei enviesada hoje.

Existe uma distância enorme entre o que se diz e o que os outros ouvem, e uma distância igualmente enorme entre os avanços da tecnologia médica e a capacidade de acesso do cidadão contribuinte. O mesmo cidadão que sustenta, com seu dinheirinho suado, um dos sistemas tributários mais injustos do mundo.

Deveríamos estar conversando sobre a possibilidade de utilização de células tronco na cura definitiva da artrose. No entanto, nossos problemas imediatos têm a ver com tratamentos paliativos, com a qualidade e durabilidade de uma prótese, com a ineficiência do SUS, a prepotência dos convênios de saúde e a dificuldade de se achar um médico que mereça o diploma. São assuntos que poderiam estar superados e não estão. Continuamos a rodar em círculos e a bater nas mesmas teclas. Estamos na pré-história e precisamos evoluir.

Como?
  • Melhorando o nível da informação/conhecimento disponível.
  • Estabelecendo padrões mínimos de qualidade para os serviços que consumimos.
  • Obtendo contrapartidas justas aos impostos que pagamos. Já pensou o que poderia ser o nosso sistema de saúde sem essa bandalheira que drena todo o dinheiro existente e nos faz sentir culpa por desejar acesso ao que é bom?

 Contribuições são bem vindas e necessárias. No blog e na vida.




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Atualizando:

Gente, esse espaço já está muito cheio, difícil de navegar.
Novos comentários são muito bem vindos no "Artroplastia 4", cujo link é:

http://seguindoadiante.blogspot.com.br/2012/11/artroplastia-total-de-quadril-4-cartas.html

Agradeço muito a atenção, leitura e palavras carinhosas que tenho recebido.
Beijos a todos.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Brasilia marcha contra a corrupção


A convocação foi feita pela Internet, pelas redes sociais, pelo boca-a-boca  e mais uma vez passou ao largo da mídia tradicional.

Até aí, nada de novo. Movimentos populares demoram a adquirir visibilidade. Só aparecem no Jornal Nacional depois de transposto o "ponto sem volta", depois da maioridade. 

Não sei quantas pessoas estavam por lá, mas a  marcha que movimentou Brasilia hoje de manhã me lembrou o Pacotão nos seus melhores tempos.   Só que sem cerveja.
Menos desafiador, mas nem por isso menos contundente. Talvez mais raivoso do que alegre - e com razão.

Imagens valem mais do que palavras.























quarta-feira, 31 de agosto de 2011

265 - Melô do rabo preso

Para Durval, Jaqueline e sua galera diferenciada.


Resumo da ópera: Receber dinheiro ilegal é legal. Para saber mais, clique aqui.

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Atualização - 4/set/2011:

Copio abaixo um comentário de Carlos Brickman publicado hoje no Blog da Maria Helena. Achei pertinente reproduzir aqui.

"Indecorosa ou corrupta?

A defesa da deputada federal Jacqueline Roriz (PMN-DF), aceita pela Câmara, sustentou que ela não poderia perder o mandato porque, quando foi filmada recebendo dinheiro, não era parlamentar. Logo, não atentou contra o decoro parlamentar e por isso não seria correto cassar seu mandato por falta de decoro.

OK: mas, usando o mesmo argumento, nada mais justo do que processá-la, como cidadã comum que era, pelo caso do dinheiro. Do jeito que está é esquisito: como era cidadã comum, e não deputada, não pode perder o mandato; mas, sendo hoje deputada, e não mais cidadã comum, tem foro privilegiado, o Supremo Tribunal Federal.
Talvez a lei seja diferente (e seria preciso mudá-la urgentemente), mas certas pessoas têm de escolher se são corruptas ou indecorosas."


 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Chose de loque (ou de Paloque)

Do Blog do Noblat



Palocci é maluco


Blog de Augusto Nunes


Quem tem dólares de sobra para comprar um imóvel, mas prefere jogar dinheiro fora pagando aluguel, não precisa de consultoria econômica e financeira. Precisa de uma clínica psiquiátrica.

Quem aluga um apartamento sem ter a menor a ideia de quem é o locador, e sem verificar a situação legal do endereço onde vai morar com a família, deve dispensar-se de recorrer a consultores ou psiquiatras. Idiotas juramentados não ouvem conselhos. E não têm cura.

Quem compra um apartamento por R$ 6,5 milhões e continua pagando mais de R$ 15 mil para morar num alugado, fora o IPTU e a taxa de condomínio que acrescentam outros R$ 6 mil à bolada mensal, deve ser imediatamente interditado por parentes sensatos e internado num hospício.

Surpreendido por VEJA no meio de um laranjal suspeitíssimo, ansioso por provar que não é o proprietário também do apartamento supostamente alugado, o ministro Antonio Palocci precipitou-se em explicações que o enquadram nos três parágrafos anteriores.

Para justificar a demissão do chefe da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff já não precisa confessar que nomeou para o cargo um traficante de influência. Basta dizer que descobriu só agora que Palocci é maluco.
Para entender melhor o caso clique aqui.



Comentário do Blog:

É a mesma velha fábula adaptada para os dias atuais.
Era uma vez três porquinhos: Dutra, Cardoso e Palocci.
O lobo mau soprou e pof! Lá se foi a primeira casa pelos ares.


sábado, 26 de março de 2011

Um Requiem para a Ficha Limpa



Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,
Et lux perpétua lúceat eis
Riquiéscant in pace.

Amen

+ + + + +

Registro para a posteridade:

"A Lei da Ficha Limpa, no meu modo de ver, é um dos mais belos espetáculos democráticos, posto que é uma lei de iniciativa popular com escopo de purificação no mundo político"
Declaração de Luiz Fux, o novo juiz do STF, ao desempatar a votação e detonar a lei da Ficha Limpa com seu voto contra.  
+ + + + +

Votaram a favor da lei:
Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia, Ellen Gracie, Ricardo Lewandowski.
Votaram contra:
Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Cezar Peluso, Celso de Mello, Dias Toffoli e Luiz Fux, o carrasco.
+ + + + + 
Jáder Barbalho expressou seus agradecimentos ao colegiado com uma caixa de bombons de chocolate e castanhas do Pará, com recheio de cupuaçu. Pensou também em coxinhas de rã congeladas, mas desistiu porque podia parecer deboche.
Joaquim Roriz quis cortar os pulsos, teve um piripaque e foi internado em S.Paulo, onde recebeu a visita de sua filha Jaqueline, também muito precisada de ajuda para limpar a própria ficha.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Enquanto isso....



Enquanto todo mundo estava de olho no Japão, na Líbia e nos vestidos da Michelle Obama, o MinC aprovava uma verba de R$ 1.300.000,00 (*) para a criação de um blog.

Não se trata de um blog qualquer, claro. Será o blog da Maria Betânia, exibirá um video inédito por dia, com a diva declamando lindos poemas sob a direção do cineasta Andrucha Waddington. Seiscentos mil de cachê prá Betânia, o resto pro resto.

E não se trata exatamente de uma verba, é "só" uma autorização para o patrocinador deduzir integralmente essa quantia de sua próxima declaração do imposto de renda. O MinC não gasta e o leão não arrecada. O truque se chama "renúncia fiscal" e o dinheiro é público do mesmo jeito.

Não fosse o assunto tão escandaloso, teria passado desapercebido em semana tão movimentada como foi a semana passada.  Qual o alcance social de um blog, meu Deus do céu? E que público-alvo é esse, que navega pela internet, gosta da Maria Betânia e estaria disposto a gastar os créditos do pacote de dados ou da lan-house para assistir a videos de poesia? Aposentados classe média da terceira idade?

Porque não um grande show lítero-musical na Praça da Apoteose, com entrada franca e farta distribuição de cerveja? Ia movimentar a galera, agradar e - vai ver - até saía mais barato.




 (*) - Isso dá uns USD 780 mil. Muita grana.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ninguém quer colo

Depois das aventuras pré-carnavalescas no Rio de Janeiro, voltei segunda-feira para Brasília de pé quebrado, sem poder pisar no chão.
Precisei pedir o apoio da WebJet no embarque e no desembarque, ou seja, uma cadeira de rodas e alguém para empurrar. Muito chato, mas fazer o quê?
No Santos Dumont tudo correu bem. Em Brasília, sem espaço no finger, o avião parou no pátio e dois valentes funcionários da companhia (que não ganham para isso) tiveram que me carregar na cadeira pela escada abaixo.

Ontem foi a vez da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), cadeirante. O vôo da TAM Brasilia/São Paulo que a transportava  também parou no pátio do aeroporto. [Abro um parênteses para um comentário impertinente: cabulou a quinta-feira, deputada? Que feio!]

O fato é que a deputada ficou presa dentro do avião por duas horas,  porque se recusou a desembarcar sem equipamento adequado de segurança. Não quis saber de colo. A história completa está na Folha.com  para quem quiser ler.

O caso é que existe um equipamento próprio para isso, chamado ambulift, uma espécie de elevadorzinho que chega até a altura da porta de serviço da aeronave. Serve para carregar cadeiras e macas.
Nem o aeroporto de São Paulo (o maior do país), nem o aeroporto de Brasília (a capital da república) têm o equipamento à disposição de quem precisa, apesar de uma resolução da ANAC (quá-quá-quá) estabelecer essa obrigatoriedade.

A deputada Mara Gabrilli mandou bem, ao criar caso e chamar a atenção da imprensa para o assunto. As pessoas portadoras de necessidades especiais não querem colo, querem respeito.


domingo, 30 de janeiro de 2011

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer



O Balaio do Kotscho contou esta semana a história do garçon Odair José da Costa que, aos 37 anos de idade e 218 quilos de peso, conseguiu na justiça reconhecer o seu direito de acesso a um tratamento médico adequado e de boa qualidade. (leia mais)

Desde junho Odair está internado no Spa Médico São Pedro, de Sorocaba, um dos melhores do Brasil, e já perdeu 118 quilos. Já falei desse SPA algumas vezes aqui no blog.
O pagamento da conta, por força de decisão judicial, está a cargo da Prefeitura de Uberaba, onde Odair nasceu e sempre morou.
O assunto deu pano prá manga lá no Balaio, alguns aplaudindo, outros protestando.

Mas por que estou falando disso?

Porque vejo muitas similaridades entre a história do Odair e as histórias relatadas neste blog, contadas por pessoas que precisam recorrer ao sistema público de saúde para realizar uma artroplastia de quadril e encontram a porta fechada.

O círculo vicioso é muito perverso. Para que o gasto do sistema seja o menor possível, os materiais usados pelo SUS são de baixa qualidade (prótese e cimento) e duram pouco. Além disso, a substituição da prótese ainda é problemática. Porque os materiais duram pouco e a substituição é problemática, os médicos evitam indicar a cirurgia para pessoas cuja expectativa de vida seja maior do que o provável tempo de duração da prótese. O “protocolo” observado é o da empurroterapia, que recomenda protelar a cirurgia até o paciente envelhecer o suficiente para não correr o risco de ver a prótese estragar.
E aí são anos e mais anos de vida improdutiva e cheia de dores. Coisa que ninguém merece.

O Odair mostrou o caminho das pedras. “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, diz a Constituição Federal. Torço para que outros sigam os seus passos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A volta dos que não foram





"Frase do Dia:

"Como é que nós vamos dizer que ele [Delúbio Soares] não pode se filiar? Nenhum de nós tem condição moral ou política de dizer que ele não pode militar no PT.”

André Vargas, secretário de Comunicação do PT, coberto de razão"





segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Conta a ser Paga

"Choremos os nossos mortos.
 E vamos à praia pegar um bronze porque o carnaval está chegando."
Do Blog do Noblat



"Se todos são culpados pela repetição de tragédias como a da região serrana do Rio de Janeiro – o Estado e o povo que mora em áreas de risco -, ninguém é culpado. Choremos, pois, os mortos. E vamos à praia pegar um bronze porque o carnaval está chegando.

 No ano passado, quando tragédias parecidas mataram entre janeiro e abril 53 pessoas em Angra dos Reis e 47 em Niterói, o governador Sérgio Cabral falou em “crônica de uma morte anunciada”. Culpou o volume das chuvas e a ocupação de áreas de risco.

Justificou-se por só ter visitado Angra 24 horas depois do dilúvio: “Eu não faço demagogia. Em Angra estavam dois secretários da área. Quem deve vir são as autoridades públicas que podem dar solução e comando ao problema”.

Talvez fosse bom ouvi-lo sobre seu esforço de desta vez marcar presença nas áreas flageladas. Ele esteve por lá com Dilma. E depois mais duas vezes. Ou deu uma de demagogo ou assumiu a condição de autoridade que pode “dar solução e comando ao problema”.

Em novembro do ano passado, o governo brasileiro confessou à Organização das Nações Unidas por meio de extenso relatório que “grande parte do sistema de defesa civil do país vive um despreparo e não tem condições sequer de verificar a eficiência de muitos dos serviços”, como noticiou o jornal O Estado de S. Paulo.

Do relatório: "A falta de planejamento da ocupação e/ou da utilização do espaço geográfico, desconsiderando as áreas de risco, somada à deficiência da fiscalização local, têm contribuído para aumentar a vulnerabilidade das comunidades locais urbanas e rurais, com um número crescente de perdas de vidas humanas e vultosos prejuízos”.

E por fim: "Quando não se priorizam as medidas preventivas, há um aumento significativo de gastos destinados à resposta aos desastres. O grande volume de recursos gastos com o atendimento da população atingida é muitas vezes maior do que seria necessário para a prevenção”.

Encomendado pelo governo do Rio, um estudo de novembro de 2008 alertou para os riscos de a região serrana passar em breve pelo que está passando. Os lugares apontados como os de mais elevado risco foram Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.

“A hora não é de buscar bodes expiatórios”, ditou Cabral antes que o número de mortos na região serrana batesse na casa dos 600. A hora é, sim, de se nomear culpados e de processá-los. Um americano que quebre o pé num buraco que a prefeitura não fechou vai à Justiça e arranca gorda indenização.

Aqui, o descaso do Estado mata e tudo fica por isso mesmo."

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Rio em Janeiro

Charge do Chico Caruso, no blog do Noblat



Todo ano é a mesma coisa, ou pior. Em Janeiro o Rio sempre se desmantela. É só esperar que a catástrofe vem. Em algum momento, entre o Reveillon e o carnaval, algum lugar vai ser atingido severamente pelas chuvas. Vai haver desmoronamentos, enchentes, luto.

Acho que alguém lá de cima entra em férias. O Rio depende da providência divina, porque aqui em baixo há muito tempo ninguém toma providência alguma.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Pato preto mangalô três vezes


Não sou uma pessoa muito exigente com restaurantes. Nem reclamona. Ao contrário, faço o estilo resignada.

No dia-a-dia prefiro comer em casa. Comida singela, de qualidade controlada, feita na hora, especialmente para mim, no capricho. Com gosto de panela e de intimidade. Restaurantes servem para as emergências e para o social, tendo a comida como pretexto ou pano de fundo. Acredito piamente que comida boa come-se em casa.

No entanto, em época de festas e por causa das férias da minha empregada, tenho ido a restaurantes com mais freqüência do que o costume. Até aí tudo bem. A questão é que as conjunções astrais têm indicado que a maré não está prá peixe, nem para medalhões de filé.

Sábado passado fui ao Ilê, na 209 sul. Fonte de inspiração para o post “Dez dicas para restaurantes, no interesse do consumidor”.  (abaixo)

Terça-feira fui almoçar com amigos no Le Jardin do clube de golfe. Éramos cinco à mesa. Depois de mais de uma hora de espera com o restaurante quase vazio, trouxeram quatro refeições. Esqueceram de mim. Tudo bem, eu estava com fome mas estava também de bom humor. E ainda tinha algum esmalte nas unhas para descascar. Quando o bife finalmente chegou estava bem feito, no ponto certo.

Ontem fui à Confraria do Camarão no Terraço Shopping. A comida não demorou, muito pelo contrário. Veio rapidinho. Tão rápido que não deu tempo de cozinhar. O camarão estava cru. Mas tudo bem. O que é camarão cru para quem gosta de peixe cru?

Hoje fui ao Bier Fass do Pontão. Quatro pratos pedidos, todos chegaram à mesa já frios, depois de hora e tanto de espera. Teriam sido esquecidos em cima de algum balcão? Talvez. Dos quatro pratos, dois foram devolvidos à cozinha por absoluta incompatibilidade com o menu encomendado. Mas tudo bem, os três chopes que tomei acabaram embebedando a minha fome.

Esta semana ainda estive no Marieta, no Quitinete e no Your`s. Todos meia-boca. Abaixo das expectativas provocadas pelos $$$ dos cardápios.

Mas tudo bem. Minha empregada voltou das férias. Acho que vou pedir a ela para preparar um pato preto no sal grosso com molho de romã e trevo de quatro folhas. Arre!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Dez dicas para restaurantes, no interesse do consumidor

Post dedicado ao Restaurante Ilê, em Brasília, na SCLS 209




1 - Para o camarão poder ser servido dentro do abacaxi, é necessário tirar uma boa quantidade de abacaxi da casca antes de botar o camarão, ou não vai caber.

2 - O espaço disponível dentro de um coco verde pode ser utilizado para servir um prato individual de camarão. O detalhe é que o interior do coco deve ser totalmente preenchido pelo preparado de camarão, ou o freguês vai sair do restaurante com fome. Algumas pessoas podem não saber, mas o coco só é grande por fora.

3 - Um filé de robalo tem aparência (e gosto) bem diferente do filé de linguado ou de merluza. Tentar substituir um pelo outro, sem o freguês perceber, é empreendimento de alto risco.

4 - Talheres, copos, toalhas americanas, guardanapos, galheteiros e outros utensílios utilizados nas refeições costumam ser levados à mesa antes de a comida chegar. É de bom tom, para não esfriar.

5 - Comida baiana pede o tempero de uma boa pimenta curtida no azeite ou na cachaça. Pedidos da clientela nesse sentido não são de se estranhar e devem ser acatados prontamente. De preferência, antes que a refeição seja inteiramente consumida.

6 - Cervejas envasadas em garrafinhas individuais de 300 a 350 ml não se chamam “long-nete”.

7 - O trabalho dos garçons pode ser bastante facilitado com o uso de bandejas. Não custam caro e não quebram.

8 - O creme de mamão com licor de cassis tem duas características importantíssimas: consistência cremosa e licor de cassis. Não se confunde com vitamina de mamão.

9 - Notas fiscais podem ser genéricas, mas nem tanto. Se três pessoas almoçam e pedem a nota, esta deve especificar que o valor cobrado (R$ 150,00) se refere a três refeições, e não a apenas uma.

10 - Os preços dos pratos promocionais vendidos em sites de compras coletivas são, obviamente, menores do que os preços de cardápio. Apesar disso, espera-se que a qualidade e a quantidade sejam idênticas. Assim, pega mal quando o garçom pergunta ao freguês, na hora do pedido, como será o pagamento de um determinado item, só porque existe uma promoção rolando em paralelo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vamos manter a levelebilidade?



Eu sei que o objetivo da linguagem é a comunicação, que a língua é mutante e a cada dia novas palavras são criadas para atender novas necessidades de expressão.


Tudo bem.

Sei também que o inglês é língua universal, que o mundo inteiro tenta se comunicar em inglês, e que novas palavras, principalmente termos técnicos e utilizados na internet, costumam ser importados ou derivados do inglês.

Tudo bem também.

Mas caramba, porque é que tem gente que insiste em imitar o estilo literário do tradutor do Google?

"Não adianta ir seguindo adiante sem levelar, pois sua vida no jogo se tornará um inferno sem uma boa party e um bom level.
A jogabilidade é muito boa, o jogo flui tranquilamente sem nenhum problema."
Não inventei. Essa preciosidade linguística veio daqui. 

domingo, 17 de outubro de 2010

Debate de surdos


Sonífera ilha.
O mais interessante foram as omissões.
Porque será que o aborto saiu da pauta? ;)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tá demais

De todas as coisas que eu tenho visto, lido e ouvido nessas eleições, quase nada, ou muito pouca coisa se salva.
O nível de hipocrisia reinante nas campanhas impede que pessoas como eu, que não se sentem verdadeiramente representadas por nenhum dos litigantes, levantem subsídios para decidir se preferem o fogo ou a frigideira.  
Na minha modesta opinião de indecisa inconformada tendente ao voto nulo, nenhum dos candidatos tem apresentado comportamento compatível com o de quem pretende governar com lisura e tratar com respeito o cidadão.  Para dizer o mínimo.

Recebo e-mails raivosos de torcedores de ambas as facções. Nada ficam a dever aos costumeiros embates entre corintianos X palmeirenses, garantidos X caprichosos ou espíritas X evangélicos. 
Às vezes tenho vontade de retransmiti-los para o bando da oposição, mas até meus impulsos básicos de implicância andam meio  desanimados com a situação.

De qualquer forma, não pretendo fazer nenhum desabafo. É só um nariz de cera para recomendar  uma coisa que se salva. 
Leiam o "The i-Piauí Herald" para desopilar. O link está do lado direito da página, na coluna "Para saber das coisas". No país da piada pronta, o i-Piauí está cada vez melhor.


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Falando sério

Do Blog do Noblat
Artigo do jornalista Luiz Cláudio Cunha


Roriz, o macaco, a fraude e a piada de palhaço

Sebastião tinha 1m52 de altura, 70kg de peso e 34 anos quando morreu de diabetes, na véspera do Natal de 1996.

Oito anos antes quase conquistara a prefeitura do Rio de Janeiro, a segunda maior capital brasileira, arrebatando mais de 400 mil votos do esclarecido eleitorado carioca. Foi o terceiro mais votado entre 12 candidatos.

Se tivesse vencido, não seria empossado. A família Hominidae, da qual Sebastião fazia parte, não tinha nenhuma tradição política. Ele fazia parte de uma espécie, os pan troglodytes, popularmente conhecida como chimpanzé.

Carinhosamente aclamado pelas crianças como ‘Macaco Tião’ no Zoológico do Rio, ele foi a invenção política mais divertida do Casseta & Planeta, antigo programa humorístico da Rede Globo. Sebastião ganhou a eternidade no livro Guinness de recordes como o chimpanzé mais votado do mundo.

O ‘Macaco Tião’ é o deboche escancarado na política brasileira, que apela para o bizarro quando leva o eleitor ao voto de protesto fantasiado pela ironia, pelo bom humor e pela graça.

Isso já acontecera no final dos anos 50, nas eleições municipais de São Paulo, quando alguém se impressionou com uma praga hoje felizmente extirpada do território brasileiro: o baixo nível dos 450 candidatos que disputavam então uma vaga na Câmara Municipal.

Antecipando em três décadas o ‘Macaco Tião’ carioca, lançou-se em São Paulo a candidatura a vereador do rinoceronte ‘Cacareco’, do Zoo da capital paulista, numa época em que cada eleitor escrevia o nome de seu candidato numa cédula de papel. Cem mil paulistanos tiveram a pachorra de escrever no seu voto o nome do mamífero chifrudo e de casca mais grossa que a maioria da fauna política nacional. ‘Cacareco’ foi o nome mais sufragado da eleição de 1959, superando sozinho os 95 mil votos do partido mais consagrado nas urnas.

‘Tião’ e ‘Cacareco’ representam a face divertida e moleque da política.

Weslian, 1m70 de altura, 76kg de peso e 67 anos, é a faceta sem graça, a cara do escárnio, o lado mais debochado a que chegou a política em Brasília, a capital de 190 milhões de brasileiros, supostamente o centro mais esclarecido de uma multidão de 135 milhões de eleitores.

Da família Roriz, grife de um clã político que governou o Distrito Federal em quatro mandatos, num total de 14 anos, Weslian fez sua retumbante e tardia estréia nas eleições de 2010 na noite de terça-feira (28), no debate da Rede Globo com os candidatos a governador, quando faltava menos de uma semana para o pleito de 3 de outubro.

Weslian entrou no jogo eleitoral pela porta dos fundos: foi apontada na sexta-feira (24) pelo marido, o ex-governador Joaquim Roriz, que na véspera viu o Supremo Tribunal Federal empacar (5 votos contra 5) no julgamento em que ele tentava escapar dos efeitos sanitários da Lei da Ficha Limpa, que cassou Roriz por envolvimento e renúncia em um escândalo de corrupção.

Com o cálculo político da esperteza, Roriz imaginou enganar a lei e iludir os eleitores trocando seis por meia dúzia. Renunciou preventivamente e botou no lugar a mulher, dona Weslian, uma simplória dona de casa, companheira de 50 anos de casamento e dedicada a obras de cunho social e benemerente. Assim, mantinha o nome Roriz na tela de votação e o número da coligação, o que reviveu o mote de um antigo seriado de TV: o ‘Casal 20’.

A frieza de carrasco de Roriz ficou evidente no debate da Globo, quando expôs a mulher a um dos mais sórdidos espetáculos de auto-imolação já encenados na política brasileira.

Weslian, coitada, surgiu no estúdio, patética e apatetada, tentando interpretar o papel que o marido lhe empurrou, goela abaixo, exibindo toda a fragilidade de um projeto político esfacelado pelo advento da Lei da Ficha Limpa. Honrada e despreparada, Weslian tropeçava na gramática, no raciocínio, no noviciado e na improvisação, trocando perguntas, confundindo candidatos e espantando a grande maioria dos 1,8 milhão de eleitores da capital brasileira.

Não soube nem mesmo administrar as dezenas de folhas, perguntas e respostas preparadas pela assessoria de Roriz, perdendo minutos preciosos tentando localizar a ‘cola’ salvadora. Não conseguiu nem mesmo usar, na plenitude, o tempo precioso reservado às perguntas e respostas. Não se fazia entender na hora de perguntar, não conseguia compreender a questão na hora de responder. Ao tentar responder uma pergunta sobre ‘transporte público’, dona Weslian lembrou que o candidato do PT, ex-comunista, não acreditava em Deus e devolveu com uma pertinente questão: “O senhor é contra o aborto?”.

Foi uma das cenas mais constrangedoras e pungentes de toda a campanha eleitoral de 2010, em qualquer quadrante do Brasil.

O desamparo e o abandono de dona Weslian, jogado às feras da política pelo marido impiedoso e insensível, desatou uma imprevista corrente de piedade para com a inesperada candidata, filha de um rico fazendeiro de origem libanesa que pastoreava o cerrado do Planalto no quadriláteiro que, anos depois, JK, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer demarcariam para encravar a futura capital brasileira. Misericordiosos, os três candidatos adversários – do PT, PSOL e PV – fizeram perguntas entre si, poupando a criatura de Roriz, que tropeçava em seus papéis, em suas frases, em suas idéias inacabadas.

Weslian, cristã e católica fervorosa, invoca sempre Deus e Nossa Senhora, lembrando que acompanhou de perto a vitoriosa carreira do marido. “Ele sabe administrar uma fazenda como ninguém”, confessou no debate, fazendo uma involuntária metáfora sobre o estilo que o Casal 20 agora evoca nos últimos momentos do programa eleitoral de rádio e TV, com seu lema de campanha: “Weslian vai trazer de volta o jeito Roriz de governar”.

Mais do que a fraude explicitada pela manobra esperta do marido, Weslian encarnava, no estúdio refrigerado da Globo, o personagem ridículo e subalterno que joga no chão a política brasiliense. Uma proeza nada desprezível para uma cidade que já viu desfilar figuras inusitadas, folclóricas, divertidas ou lamentáveis como Fernando Collor, Cacique Juruna, Severino Cavalcanti, Paulo Maluf, Clodovil, Roberto Jefferson, Agnaldo Timóteo, José Roberto Arruda e o próprio marido de Weslian, o implacável Joaquim Roriz.

A fauna política que teima em habitar o bioma do Cerrado é gerada, em boa parte, pela flacidez das leis e pela tolerância ou pelo bom humor do eleitor que, na falta de um ‘Macaco Tião’ ou de um ‘Cacareco’, acaba descobrindo utilidades inesperadas ou debochadas para o seu voto. Agora mesmo, as previsões mais modestas apontam o palhaço ‘Tiririca’ como um dos campeões de voto para a Câmara dos Deputados, virtualmente eleito com quase um milhão de votos pelo PR de São Paulo, o que seria a maior votação do país.

Ao contrário do Supremo, que decidiu não decidir no julgamento de Roriz, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF resolveu, na tarde desta quarta-feira (29), brecar o truque do ex-governador, vetando toda a propaganda de rua e os programas de rádio e TV que exaltam o Casal 20, um flagrante desrespeito à lei e um claro embuste da renúncia voluntária e programada de Roriz. Ele não poderá mais aparecer ao lado da mulher, como fiador, conselheiro ou sequer ‘amado esposo’ da candidata inventada de última hora para escapar da lâmina afiada da Lei da Ficha Limpa.

Não existem evidências de que Joaquim Roriz inveje o quociente intelectual ou a vestimenta colorida de ‘Tiririca’. Mas a desastrosa aparição de Weslian na corrida eleitoral e no debate da Globo reforçam a suspeita de que Joaquim Roriz vê os habitantes de Brasília com o nariz vermelho de palhaços, como aqueles que acreditam que “a política, pior do que está, não fica”. Com a ajuda do ex-governador, sabe-se, sempre poderá ficar.

No domingo, dia 3, os eleitores conscientes da capital brasileira terão a chance de devolver esta piada sem graça, cravando seus votos em quem merece.

Não precisam nem eleger o macaco ou o rinoceronte. Basta repudiar a fraude.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As sujas fichas-limpas

Da série: pouca-vergonha é pouco




Vamos fazer assim: Se o ficha-suja não puder (ou tiver medo de) se candidatar, bota um ficha-limpa no lugar. Os eleitores nem precisam ficar sabendo, porque vão precisar votar mesmo no ficha-suja para eleger o ficha-limpa.
De qualquer forma, para não ter confusão, fica combinado desde já que, se o ficha-suja tiver muito voto e o ficha-limpa ganhar, quem manda é o ficha-suja.

Entendeu ou não?

Se não entendeu, não faz a menor diferença. Quem precisava entender já entendeu, e a moda já pegou.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Esculhambação geral

1 - Ficha Limpa empata por 5 a 5 e o Supremo empaca sem decidir o critério de desempate. Uma das possibilidades é não resolver nada e deixar o assunto a cargo do Lula, que quando tiver tempo um dia desses nomeará um novo “notável” para preencher a vaga existente.

2 - Roriz renuncia à candidatura e coloca a sua mulher no lugar, pessoa com vasta experiência nas lides domésticas. Como as urnas eletrônicas já estão lacradas, os bem desinformados eleitores brasilienses votarão na nova marionete candidata escolhendo o número e a foto do renunciante. 

3 - O filme “Lula Filho do Brasil” é escolhido para representar o País no Oscar, à revelia da opinião pública, que votou maciçamente em “Nosso Lar”.

4 - O palhaço Tiririca, candidato por São Paulo, deverá ser o deputado mais votado do País, com o bordão “Vote em Tiririca, pior do que está não fica”.

 
Palhaços somos nós.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A culpa é da Dilma


Da série: "Assim sim, mas assim também não". 

Depois que a Folha de São Paulo de Domingo publicou que "Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma", iniciou-se no twitter o movimento virtual "A culpa é da Dilma", bem ao estilo da campanha do "Cala a boca Galvão":

- "Dilma é a principal pedra que impede a saída dos mineiros chilenos da mina";

- "Por falha de Dilma, PAC do muro de Berlim atrasou e ele acabou caindo";

- "Dilma ordenou que Massa desse a vitória a Alonso no GP da Alemanha";

- "Por ser masoquista, Dilma se auto-torturou, dizem fontes militares";

- "Folha Kids: boi assustador de cara preta, filiado ao PT desde 1980, revela: quem mandou pegar a criança foi a Dilma";

- "Dilma é prima em terceiro grau da tia do cunhado do embaixador do Afeganistão. Ou seja: tem ligação com Bin Laden";

- "Folha Kids: Soldado com cabeça de papel denuncia: Dilma terrorista mandou botar fogo no quartel".

Ainda bem que ainda temos humor suficiente para lidar com a imprensa livre, séria, informativa e isenta. Se bem que, se a imprensa não tem sido muito livre, séria, informativa e isenta ultimamente, a culpa é mesmo da Dilma.

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Leia também no I-Piaui Herald:
- Espiões violam o sigilo da neta de Serra
- Pesquisadores revelam fraudes contra a família Serra ao longo dos séculos