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sábado, 24 de dezembro de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Uma burca para Geisy
Miguezim de Princesa, poeta cordelista, falou e disse.
Uma burca para Geisy
Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.
II
Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
“Arrocha a tampa, gostosa!”
III
Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!
IV
Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos,
Colérica e indignada
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.
V
Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: “oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!”
VI
A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.
VII
Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém pra reclamar.
VIII
O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.
IX
E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.
X
Fica pra Geisy a lição
Desse poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto.

Geisy, com o mucumbu coberto, por ordem do Talibã
PS 1: Na boa, paulicéia.
PS 2: Miguezim nem comentou, mas... Cherchez la famme
terça-feira, 8 de setembro de 2009
O Passado e o Futuro

Dois homens caminhavam por uma estrada quando encontraram um vendedor de vinho de palma. Os viajantes pediram-lhe vinho e o homem prometeu satisfazê-los, mas com uma condição:
- Terão de me dizer os vossos nomes.
Um deles falou:
- Chamo-me De onde Venho.
E o outro:
- Para Onde Vou.
O homem aplaudiu o primeiro nome e reprovou o segundo, negando a Para Onde Vou o vinho de palma.
Começou uma discussão, e dali saíram à procura do juiz. Este ditou logo a sentença:
- O vendedor de vinho de palma perdeu. Para Onde Vou é que tem razão, porque De Onde Venho já nada se pode obter e, pelo contrário, o que se puder encontrar está Para onde vou.
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Extraído do livro
Contos Populares de Angola - Folclore Quimbundo
Organizados por J. Viale Moutinho
São Paulo, Landy Editora, 2006
O Leão é Forte como a Amizade

Dois amigos costumavam encontrar-se todos os dias. Numa das conversas, um deles comentou:
- Os leões estão a aparecer nas redondezas. Tem cuidado com a tua casa, para evitares um desgosto.
- O leão não poderá entrar. Tenho espingarda e lança.
- Enganas-te, porque tu não podes lutar com o leão.
- Tenho a certeza que posso.
Ambos riram e continuaram a conversar até que por fim se separaram.
Passou-se um mês quando o rapaz que tinha avisado o amigo arranjou um meio de se transformar em leão e resolveu atacar o camarada, rugindo ferozmente.
Arranhou-lhe a porta de casa e encontrou o amigo a dormir. Levantou-o, bateu-lhe e desfez aquilo que encontrou.
Deixando o amigo em má situação, retirou-se e voltou à forma de homem.
No outro dia, foi visitar o amigo que atacara, e este disse-lhe:
- Pobre de mim! O leão veio aqui esta noite e destruiu tudo!
- Porque não fizeste fogo ou não lhe meteste a lança?
- Meu amigo, o leão é forte como a amizade.
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Extraído do livro
Contos Populares de Angola - Folclore Quimbundo
Organizados por J. Viale Moutinho
São Paulo, Landy Editora, 2006
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
O Rapaz e o Crânio

Um rapaz foi fazer uma viagem e no caminho encontrou uma cabeça humana.
As pessoas costumavam passar por ela sem fazer caso, mas o rapaz não procedeu assim.
Aproximou-se, bateu-lhe com um pau e disse:
- Deves a morte à tua estupidez.
O crânio respondeu:
- A estupidez me matou, a tua esperteza também o matará.
O rapaz aterrorizou-se tanto que, em vez de prosseguir, voltou para casa.
Quando chegou, contou o que se passara. Ninguém acreditou:
- Estás a mentir! Já temos passado pelo mesmo lugar sem nada ouvirmos dessa tal cabeça.
- Como é que ela te falou?
- Então vocês não acreditam? Vamos lá e se quando eu bater na bater na tal cabeça, ela não falar, cortai a minha.
Todos partiram e, no sítio referido, o rapaz bateu na cabeça e repetiu:
- A estupidez é que te causou a morte.
Ninguém respondeu.
As palavras são pronunciadas outra vez e como o silêncio continuasse os companheiros gritaram:
- Mentiste! - e degolaram-no.
Imediatamente o crânio falou:
- A estupidez fez-me morrer e a esperteza matou-te.
O povo compreendeu então a injustiça que cometera, mas é que espertos e estúpidos são todos iguais.
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Extraído do livro
Contos Populares de Angola - Folclore Quimbundo
Organizados por J. Viale Moutinho
São Paulo, Landy Editora, 2006
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Beleza pura - 2
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Beleza pura
É duro admitir, mas é verdade. E que atire a primeira pedra quem nunca usou uma pinça nas sobrancelhas, fez depilação com cera quente ou dançou a noite inteira com sapatos apertados de salto alto.
Em regra, essa disposição sofredora começa na adolescência, atinge o apogeu por volta dos 25 anos e vagarosamente decresce com o passar dos anos. As crianças costumam ser poupadas.
Em Angola não.
No início pensei que os penteados das meninas angolanas, cheios de trancinhas e continhas coloridas, fizessem parte de alguma tradição cultural africana , tão disseminado é o seu uso.
Depois me explicaram que a moda é recente.
Os penteados são muito elaborados, dão trabalho prá fazer e duram entre 10 e 15 dias.
Já vi até bebês de colo usando as tais continhas.
As meninas todas adoram. As trancinhas têm que balançar e fazer barulho com o entrechocar dos pingentes. E quanto mais coloridos, melhor.

quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Palancas Negras Gigantes
Está constatado para além de qualquer dúvida: ainda existem palancas negras gigantes em Angola. Duas fêmeas e um macho.
O sorriso que vi brotar nos lábios e olhos dos angolanos que ouviram comigo a notícia no rádio foi contagiante. Sorriso de entusiasmo, de esperança.
Como se a confirmação da existência dos palancas – orgulho e símbolo nacional - trouxesse junto a garantia de um futuro grandioso e uma vida feliz.
domingo, 28 de junho de 2009
Tradições angolanas – Mitos e verdades sobre a água - 2

Lagoa do Feitiço
Foto: http://luisfernandoangola.blogspot.com
II – Lagoa do Feitiço no Uíge
Ainda no leste de Angola, entre os Tucôkwe da comunidade rural, a tradição proíbe as crianças e adolescentes de ir muito cedo (às manhãs) ou muito tarde ao rio (lwiji) e à lagoa (citende, lê-se tchitende), sobretudo se estiver a nevar. A razão dessa proibição é que “Samutambyeka”, uma figura mitológica monstruosa, mais alta do que os eucaliptos, temível pela população, bebe muita água nesses períodos e evita a presença de pessoas antes de ficar saciado. Enquanto bebe, sopra a partir da boca e das narinas um jacto de água que se transforma em nevoeiro.
O arco-íris (Cezangombe, lê-se tchezangombe) que normalmente aparece às tardes e quando está a chover, é utilizado para fazer entender às crianças e aos adolescentes a presença, nessa altura, do também chamado “Espírito perdido”, perto dos rios e lagoas.
“Samutambyeka” é coadjuvado por forças invisíveis conhecidas nessa comunidade como “yikixikixi” ou “espírito das águas”.
Tradições angolanas – Mitos e verdades sobre a água
“É crença corrente que da água surgem forças
extra-naturais que podem proporcionar a prosperidade, o desenvolvimento ou o infortúnio e a miséria, em conformidade com a atitude dos homens.”
I – Lago Dilolo no Moxico
Baseada na tradição local, era uma aldeia predominantemente de caçadores Luvale (população actualmente dedicada à pesca fluvial, lacustre e das famosas chanas do Leste), no município de Luacano, província do Moxico.
Certo dia, como de hábito, foram às grandes caçadas. Ao voltarem à aldeia, encontraram-na transformada em lagoa, onde se ouviam vozes e gritos humanos sem as próprias pessoas.
Informadas as outras aldeias vizinhas sobre o incidente extra-humano, os caçadores ficaram a saber que passara uma velha mulher quase moribunda, pedindo água e comida. Os aldeãos não a atenderam e de imediato ela transfigurou-se em sereia e, tendo amaldiçoado a aldeia, esta transformou-se em lagoa.
A tradição corrente aponta que actualmente, quando os pescadores atiram suas redes para pescar nessa lagoa, ouvem vozes dizendo:
“ao lançarem as vossas redes, devem deixar espaços para nós, pois também vivemos.”
Do semanário O País, edição de 26/junho/2009
- Mitologia da água, de Américo Kwononoka, Diretor do Museu Nacional de
Antropologia.
Miss Landmine - Moxico
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Causa Mortis

domingo, 19 de abril de 2009
Histórias da guerra

Savimbi, ao avançar em direção às posições ocupadas pelo MPLA, mandava chuva forte sobre o acampamento das tropas inimigas. Ao chegar, com o acampamento devastado pela chuva, tinha o seu trabalho facilitado.
Por vezes, em vez de chuva, mandava enxames de abelhas.
Mas... vento que venta lá, venta cá.
Ouvi também que certa vez uma tropa da UNITA chegou ao Bengo, bem às portas de Luanda, e encontrou um velho bem velho à margem da estrada.
Insatisfeitos com a recusa do velho em lhes dar informações sobre o paradeiro das tropas do MPLA (se por desconhecimento ou teimosia, não se sabe), aplicaram-lhe uma memorável sova antes de seguir em frente e entrar num capão de mato ali perto.
Logo depois chegaram os soldados do MPLA e encontraram o velho todo machucado jogado na sarjeta. Ao saberem do ocorrido, pretenderam ir atrás dos agressores. Foram impedidos pelo velho, que afirmou já ter resolvido o assunto.
E tinha mesmo. Os homens da UNITA se perderam dentro do capão de mato. Um bosquezinho à toa, do qual se poderia sair com dois minutos de caminhada em qualquer direção. Morreram de fome e de sede. O batalhão do MPLA ficou de fora assistindo.
sábado, 18 de abril de 2009
Mitos ou Verdades?

Funciona assim: a apresentadora Patrícia Farias faz uma pergunta sobre algum tema da tradição popular e os rádio-ouvintes (é assim que se escreve?) telefonam para responder se acreditam naquilo ou não. Bem simples.
Perguntas do tipo:
1 – Papel na testa cura soluço?
2 – Apanhar o buquê da noiva assegura casamento?
3 – Quem pisa com pé descalço no chão úmido ao sair da cama, pega doença venérea?
4 – Se a mulher grávida passar muito tempo na companhia de determinada pessoa, o filho nascerá parecido com essa pessoa?
As respostas com frequência são surpreendentes. Muitas histórias são contadas para corroborar as opiniões e demonstrar de uma vez por todas, por A+B, que aquilo é (ou não é) verdade (ou mito).
Semana passada a pergunta do dia era: sal no sapato cura bebedeira?
Umas dez pessoas foram entrevistadas. A maioria disse que sim.
Pelo que ouvi, o que funciona não é bem sal no sapato, mas sal no pé, dentro do sapato. Massagear os pés com sal também serve, levanta qualquer um.
Pelo sim, pelo não, faço o registro. De repente, alguém pode ter oportunidade de testar.
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