Há algum tempo venho tentando sintonizar de novo o canal espiritual do "fazer cerâmico", mas ainda não consegui acesso pleno.
Existe muita coisa no meu caminho a desviar a atenção e suscitar curiosidade.
Ano passado fui a um congresso em São João del Rey, conheci gente boa, aprendi técnicas interessantes, mas não evoluí. Este ano vou de novo, já fiz minha inscrição: fim do mês, em São Paulo.
No último fim de semana fiz mais um ensaio de reaproximação dos deuses do fogo. Com um grupo de amigos ceramistas que frequentam o ateliê "Oficina do Barro", organizamos um "raku".
Trata-se de uma técnica medieval de queima importada do Japão, já adaptada ao jeitinho ocidental de viver e fazer coisas.
Tudo começa com uma queima a gás. O forno é muito simples, feito com manta cerâmica e tela metálica.
Quando a temperatura atinge o patamar desejado (entre 800 e 1000 graus), o gás é desligado e o forno é aberto, para a retirada das peças incandescentes.
É um espetáculo, principalmente se o forno for aberto à noite. O primeiro raku não se esquece.
As peças retiradas do forno são colocadas em tambores cheios de serragem e folhas secas. O material pega fogo e produz muita fumaça, provocando os efeitos especiais desejados.
As peças acima são exemplos de "raku pelado", objetos sem esmalte, onde a fumaça atua diretamente sobre o corpo cerâmico. A expressão vem do inglês "naked raku", que alguns preferem traduzir como "raku nú".
Eu prefiro os pelados.