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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Raku

Há algum tempo venho tentando sintonizar de novo o canal espiritual do "fazer cerâmico", mas ainda não consegui acesso pleno.
Existe muita coisa no meu caminho a desviar a atenção e suscitar curiosidade.

Ano passado fui a um congresso em São João del Rey, conheci gente boa, aprendi técnicas interessantes, mas não evoluí. Este ano vou de novo, já fiz minha inscrição: fim do mês, em São Paulo.

No último fim de semana fiz mais um ensaio de reaproximação dos deuses do fogo. Com um grupo de amigos ceramistas que frequentam o ateliê "Oficina do Barro", organizamos um "raku".

Trata-se de uma técnica medieval de queima importada do Japão, já adaptada ao jeitinho ocidental de viver e fazer coisas.



Tudo começa com uma queima a gás. O forno é muito simples, feito com manta cerâmica e tela metálica. 



Quando a temperatura atinge o patamar desejado (entre 800 e 1000 graus), o gás é desligado e o forno é aberto, para a retirada das peças incandescentes.



É um espetáculo, principalmente se o forno for aberto à noite. O primeiro raku não se esquece.



As peças retiradas do forno são colocadas em tambores cheios de serragem e folhas secas. O material pega fogo e produz muita fumaça, provocando os efeitos especiais desejados.



As peças acima são exemplos de "raku pelado", objetos sem esmalte, onde a fumaça atua diretamente sobre o corpo cerâmico. A expressão vem do inglês "naked raku", que alguns preferem traduzir como "raku nú".

Eu prefiro os pelados.



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A profissão mais antiga do mundo

Fazer cerâmica é uma atividade meio mágica. Terra, água, ar e fogo. De repente, alguma coisa que não existia antes vira substantivo concreto. Um pote, um vaso, um tijolo, uma escultura, uma lajota, uma telha.

Alguns dizem ser a profissão mais antiga do mundo (*): a profissão de Deus.

Gosto muito de moldar a argila. Há um bom tempo venho brincando com isso, fazendo experiências, trocando figurinhas pelaí, “around the world”. Parei quando a agulha da minha bússola foi direcionada para Angola. Dei um tempo, agora pretendo retomar atividades.

Durante o período em que permaneci em Luanda vi muito pouca coisa de cerâmica. Uma cidade em obras, com uma enorme carência de materiais de construção (importados e caríssimos), não possui uma olaria sequer. Existem fábricas de telhas e de lajotas feitas de cimento. Mas nada de cerâmica. Bem que eu procurei. Se existe, ninguém soube me informar.
Fiquei surpresa. Argilas existem em todo lugar, e os povos mais primitivos do mundo conseguem desenvolver técnicas de modelagem e queima. Em Angola, fabricam-se telhas de cimento importado que são vendidas a três dólares cada.

Enfim...

Entre a centena de artesãos que expõem seus trabalhos na feirinha do Benfica, existe uma única banca na categoria de cerâmica. Na realidade nem chega a ser uma banca, já que as peças ficam expostas no chão, na lateral externa do “quadrado”. São painéis interessantes, bem desenvolvidos, muito coloridos, queimados em baixa temperatura e esmaltados com esmaltes comerciais. O artesão - Paulo - me disse que a oficina ficava lá pros lados do Petrangol, um bairro afastado do centro.

As fotos estão aqui, prá quem quiser conferir.


As duas máscaras a seguir estão na sala de embarque da TAAG no aeroporto 4 de Fevereiro. Devem ter vindo do mesmo ateliê (mesma técnica, mesma estética).


Perto do largo da Mutamba existe uma loja de artesanato chamada "Espelho da Moda". A seleção é bem feita, variada, as peças à venda muito bonitas e bem representativas do que de melhor se faz em Angola nesse gênero. Tudo a preços de Luanda (estratosféricos).

No Espelho da Moda pode-se encontrar algum artesanato de cerâmica angolana. Me disseram que são feitas no sul do país. No último Natal ganhei essa caneca de presente.


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(*) aquela outra profissão que você pensou pode ser a segunda, quem sabe?