Quando escrevi aqui no blog um
post sobre a artroplastia total de quadril a que me submeti em novembro, não pensei que fosse atrair tantos visitantes interessados no assunto.
Na verdade, esse post tem sido o campeão de audiências, com 87 comentários até hoje, sem contar os e-mails trocados em particular.
Acho que já está na hora de um up-date.
Depois da cirurgia encarei muito seriamente o programa de recuperação. Comecei a fisioterapia ainda no hospital , fiz hidroterapia, pilates, antiginástica e hidroginástica, até conseguir trocar o andador por muletas axilares e depois por uma bengala comum. Todo dia.
O primeiro mês foi o mais difícil, por causa da falta de autonomia. Ainda sem poder me apoiar na perna operada, precisei de “motorista” para me levar à fisioterapia, de alguém para me buscar um copo de água, de ajuda para as coisas mais comezinhas do dia-a-dia. É difícil carregar um objeto de um lado para outro (um livro, por exemplo), quando se tem as duas mãos ocupadas pelo andador ou pelas muletas. A insegurança bate feio, sem falar que o andador é muito cansativo.
Depois do primeiro mês pude dispensar uma das muletas e voltar a dirigir. A vida melhorou muito.
Quatro meses depois já me sentia ótima. Em abril fui fazer uma viagem de sonho, há muito tempo idealizada: Índia, Nepal, Tibete e Butão. Levei a bengala, por via das dúvidas. E usei. Foram trinta dias. Em alguns momentos a exigência física foi grande, como na subida da escadaria do Potala, em Lhasa, cidade a 4 mil metros de altitude, que desci depois debaixo de vendaval com direito a chuva de granizo. Mas me saí bem e no geral tudo correu tranqüilamente. Uma certeza: antes da cirurgia eu não teria condições de aproveitar aquela viagem.
Quando voltei para casa não retomei o programa de exercícios. No fundo foi picaretagem, mas eu tinha mesmo pouco tempo para engrenar alguma coisa, já que estava com nova viagem planejada para o finalzinho de maio. Dessa vez fui a Portugal, Inglaterra e Irlanda (depois eu conto), e não levei a bengala. Foi cansativo, mas foi bom. Vinte dias, cheguei domingo passado, bem na hora do jogo do Brasil com a Costa do Marfim.
No resumo da ópera, estou quase boa. O condicionamento físico ainda precisa melhorar, e o tendão de aquiles do pé direito dói bastante quando ando muito. É o que tem me incomodado mais. A perna ainda incha um pouco e sinto uma espécie de formigamento difícil de descrever. Mas nada se compara aos desconfortos de antes. Nem de longe.
Só posso dizer que valeu a pena. Se soubesse que seria tão bom, teria feito antes. E o futuro a Deus pertence.
=================
Em tempo: Ainda não consigo cortar as unhas do pé direito.