Tenho muita admiração por quem consegue escrever livremente em um blog sobre as suas emoções. Eu não consigo. Principalmente sobre aquelas que habitam o “dark side”, tidas como pouco adequadas aos ambientes sociais. Me refiro às inseguranças, às frustrações, aos medos, aos arrependimentos, às mágoas, a todos aqueles sentimentos que escondemos atrás dos sorrisos, dos cinismos e das ambiguidades. Quanto mais fortes esses sentimentos, quanto mais profundos e mais pessoais, maior é o meu pudor. É como se a exposição de minha intimidade me pudesse de alguma forma fragilizar.
Para afastar o fantasma da “fragilização”, sempre evitei dar muita trela a conversas sobre as limitações que o agravamento da artrose impunha às minhas atividades, ou sobre a minha dificuldade de lidar com elas. Ia levando sozinha, do jeito que dava.
Certa vez descobri no Orkut uma comunidade onde se podia conversar sobre artrose com pessoas que também estavam passando pelo mesmo problema. Foi ótimo, enquanto durou. Era um grupo auto-referenciado de auto-ajuda. Li depoimentos muito comoventes, que me estimularam também a falar um pouco sobre o que se passava comigo. Pena que durou pouco. Degringolou e virou vitrine de propaganda de “remedinhos miraculosos vendidos a peso de ouro com efeitos garantidos depois de três meses de uso contínuo”. Um dia a comunidade sumiu, saiu do ar. Acho que até o moderador se cansou dela.
Enfim... Amanhã faz dois meses que entrei na faca. [Seria melhor dizer serrote?] Continuo na hidroterapia. Percebo pequenas melhoras a cada dia, mas fica complicado falar delas quando não falei antes dos problemas que estão sendo melhorados. De qualquer forma, aí vai uma tentativa:
- Não acordo mais durante a noite para mudar de posição na cama;
- Consigo prender uma caneleira sem ajuda. Calçar meias também;
- Depilar as pernas e a virilha ficou fácil;
- Já tenho amplitude articular suficiente para pedalar uma bike; [sabe a imagem de abertura do blog? Não é coincidência.]
- Posso cruzar a perna direita sobre a esquerda. Não é muito confortável ainda, mas vai ser;
- Parou de doer toda hora.
Quando eu conseguir cortar sozinha as unhas do pé direito, vou fazer questão de contar. Faz parte da minha programação de ano novo.
A despedida do Balaio do Kotscho
Há 7 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog está fechado. Obrigada pela visita.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.