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segunda-feira, 9 de abril de 2012

A história que não se pode ignorar

O documentário é primoroso.
 
"O Dia que durou 21 anos" esclarece como e por que razões foi construído o ambiente político que resultou no golpe militar de 64.

Eu cresci durante os anos de chumbo, vivenciei  a consolidação da ditadura, a censura, a mordaça, o medo, a truculência oficial e a banalização da tortura. E desde muito cedo aprendi que o terror morava nos quartéis e não nas escolas. Mesmo assim, confesso que desconhecia as origens da conspiração e o grau de envolvimento dos Estados Unidos no apoio aos golpistas.

Está tudo lá, som e imagem. Uma página infeliz da nossa historia, bem documentada, para ser vista,  compreendida e exorcizada. Para nunca mais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A César o que é de César

Da série: Momento Ufanista




Você já ouviu falar em Landell de Moura?

Se já ouviu, parabéns.

Eu confesso a minha ignorância. Só hoje, lendo esse post do Balaio do Kotscho, fiquei sabendo que ele - e não Marconi, como aprendemos na escola - foi o verdadeiro inventor do rádio. Do rádio e de outras coisitas.

Transcrevo abaixo:

Há 150 anos nascia o brasileiro que inventou o rádio

Nesta sexta-feira, 21 de janeiro, o Brasil celebra o sesquicentenário de nascimento do padre-cientista Roberto Landell de Moura, inventor brasileiro do rádio e Pai das Telecomunicações. Uma série de atividades foi programada para este dia, entre elas o lançamento de selo e carimbo alusivos ao tema pelos Correios nas cidades de Porto Alegre, Campinas e Brasília.

Ironia do destino, embora seja um dos maiores gênios dos séculos XIX e XX, por suas invenções e atuação científica, Landell de Moura, gaúcho de Porto Alegre nascido no dia 21 de janeiro de 1861, é ignorado em seu próprio País, onde as crianças continuam aprendendo que o inventor do rádio foi o italiano Guglielmo Marconi.

Com o conhecimento teórico e a inquietude dos que estão à frente de seu tempo, Roberto Landell de Moura transmitiu a voz humana à distância, sem fio, pela primeira vez no mundo. Foi também pioneiro ao projetar aparelhos para a transmissão de imagens (a TV) e textos (o teletipo). Previu que as ondas curtas poderiam aumentar a distância das comunicações e também utilizou-se da luz para enviar mensagens, princípio das fibras ópticas. Tudo está documentado por patentes, manuscritos, noticiário da imprensa no Brasil e no exterior e testemunhos.

As pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século XIX, ligando o alto de Santana – o Colégio Santana – à emblemática Avenida Paulista, que hoje abriga diversas antenas de emissoras de rádio e de TV.

Ao transmitir a voz, Landell se diferenciou de Marconi. O cientista italiano inventou o telégrafo sem fios, ou seja, a transmissão de sinais em código Morse (conjunto de pontos e traços) e não o rádio tal como o conhecemos.

As experiências do padre Landell não sensibilizaram autoridades e nem patrocinadores. Pior: um grupo de fiéis achou que o padre “falava com o demônio” e destruiu seus aparelhos.

Mesmo tendo patenteado o rádio no Brasil (1901), Landell não obteve reconhecimento. Decidiu, então, viajar para os Estados Unidos, onde conseguiu, em 1904, três cartas patentes. De volta ao Brasil, quis fazer uma demonstração das suas invenções no Rio de Janeiro, mas, por um erro de avaliação, o Governo não lhe deu a oportunidade. Depois, ele seria “forçado” a abandonar as experimentações científicas. Morreu no ostracismo e o Brasil importou tecnologia para entrar na era das radiocomunicações!

Landell de Moura está, agora, já em pleno século XXI, prestes a ver seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão Tancredo Neves, graças ao Projeto de Lei do senador Sérgio Zambiasi, que está atualmente em análise na Câmara dos Deputados. Estará, desse modo, ao lado de outros heróis como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Santos Dumont e Oswaldo Cruz.

Também receberá, em fevereiro, o título post-mortem de Cidadão Paulistano (que Marconi recebeu em vida), por iniciativa do vereador Eliseu Gabriel.

Há anos, ele é o patrono dos rádio amadores brasileiros e seu nome está em ruas e praças de várias cidades, em instituições públicas e em livros publicados no Brasil e no Exterior.

O Brasil tem agora a oportunidade de reconhecer a obra científica de Landell e incluir os seus feitos no currículo escolar obrigatório do ensino básico. É por isso que luta o MLM – Movimento Landell de Moura, integrado por voluntários de diferentes áreas, que construiu um site – www.mlm.landelldemoura.qsl.br – para angariar assinaturas em prol desse reconhecimento. Vale registrar que o MLM não tem fins político-partidário, religiosos, financeiros ou de promoção pessoal.




Ah! Em tempo: Antes que você pergunte, não me venha com a história dos irmãos Wright. Foi Santos Dumont quem inventou o avião sim.



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Datas

Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001?

Eu acordei, liguei a televisão e fiquei olhando a Torre 1 pegar fogo, sem entender nada. Eram só imagens, sem legenda, sem explicação.
Vi o segundo avião passar por trás da Torre 2 e desaparecer numa nuvem de fumaça. Eram 10h03 em Brasília. Daí prá frente não precisei mais de legendas.

domingo, 12 de julho de 2009

Pérolas angolanas

Visto por fora o prédio é um tesouro. O cartão postal de Luanda.
Por dentro abriga coisas lindíssimas, que vou descobrindo aos poucos.








Sala de reuniões do Conselho do BNA.
Não tem preço.

domingo, 14 de junho de 2009

A Rainha que já não há

A Rainha Ginga foi defenestrada de seu pedestal no Kinaxixi.
O pedestal também já não está mais lá.
Pode ser que algum dia volte para enfeitar o saguão de algum shopping center.


A Ginga dançou.

domingo, 26 de abril de 2009

O homem que roubou Portugal


A história é tão absurda, mas tão absurda, que quase não dá para acreditar. Mas é real.
Em 1925, Artur Virgílio Alves Reis, o maior falsário de todos os tempos, aplicou um golpe calculado em 2,6% do PIB português na época.
Mais do que uma simples falsificação de cédulas, Alves Reis conseguiu a emissão clandestina de 580 mil notas de 500 escudos. Tanto dinheiro que para escoá-lo foi fundado o Banco de Angola e Metrópole, elevando Alves Reis à categoria de grande financista e redentor da então província. Até que um dia .... alguém notou que o rei estava nú.
A história é contada pelo jornalista Murray Teigh Bloom, em ritmo de romance policial.
Delicioso.



domingo, 1 de março de 2009

Quem foi o Rei Katyavala?

Existe em Luanda uma rua chamada Rei Katyavala. Uma rua grande, importante, que corta a cidade. Começa no largo da Mutamba e eu nem sei onde acaba. Depois muda de nome. Volta e meia caio lá sem querer. Quando vejo, pumba. Errei o caminho e estou na Rua Rei Katyavala. Já aprendi até a consertar o erro, mas ainda não aprendi como evitá-lo.

Por causa da rua, me chamou a atenção a notícia que li em “O País” desta semana, segundo a qual o Conselho de Ministros de Angola teria aprovado a criação de seis universidades públicas, uma das quais, em Benguela, deverá se chamar “Rei Katiavala”.

Já que o Rei Katiavala toda hora está cruzando meu caminho, fui ao Google tentar apurar algo sobre ele. Não consegui grande coisa.

Katiavala foi o fundador do Reino do Bailundo, perto da cidade de Huambo. Os bailundos teriam habitado as vizinhanças do Rio Kuanza, perto de Luanda, até a derrota da Rainha Ginga pelos portugueses, liderados por Salvador Correia de Sá. O receio de represálias teria provocado a mudança do grupo para o planalto central de Angola.

No início o reino chamava-se Halavala, mas um encontro entre Katiavala e uma toupeira teria provocado a mudança de nome para Ombala-elundu. A toupeira é um animal que anda debaixo da terra, e para a tribo o seu aparecimento (fato raro) significaria prosperidade ou êxito. Em umbundo, “ombala” significa palácio e “elundu”, montanha. Com o tempo, Ombala-elundu virou Mbalundo, que virou Bailundo, que é Bailundu até hoje.

Zédu já se referiu ao Rei Katyavala como herói da pátria, mas não achei no Google nada sobre seus feitos, justificando a citação. Segundo uma notinha da www.angoladigital.net, o Ministério da Cultura prometeu empenhar-se na recolha de dados sobre ele, para permitir a edificação de “um monumento em homenagem ao soberano cujos feitos na luta de ocupação colonial são, até hoje, reconhecidos por todo o país”.

Vou aguardar. Por enquanto, o Rei Katyavala continua sendo para mim apenas uma rua de Luanda, onde me perco de vez em quando.





Resultado da pesquisa de imagens do Google para "rei Katiavala". Ele tem rua, edifício e vai ter uma universidade. Mas não consegui descobrir na net quais teriam sido os "seus feitos na luta contra a ocupação colonial".

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Obituário


Em 22 de fevereiro de 2002 Jonas Savimbi foi morto pelas Forças Armadas Angolanas, na província do Moxico.
Há sete anos.
Sem ele, a historia de Angola teria sido outra.
Com ele, também.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Quem já ouviu falar nos Shministim?


Os Shministim são jovens israelenses secundaristas, de 18 e 19 anos, que se recusaram ao serviço militar obrigatório por razões de consciência. Não querem integrar um exército de ocupação.

Estão presos.

No dia 18 de dezembro o grupo "Jewish Voice for Peace" iniciou uma campanha mundial pela sua libertação. Suas histórias estão no site http://www.december18th.org/ ou no YouTube .


Esses garotos estão sofrendo pressões enormes. Da família, de amigos, do governo. Pedem nosso apoio, das pessoas que querem a paz. Esperam receber centenas de milhares de cartas que serão entregues ao Ministro da Defesa de Israel.

O mundo precisa de muitos Shiministim. Uma luz de racionalidade e de consciência no meio do absurdo da guerra e dos crimes que se perpetuam contra a humanidade. Que Deus / Javé / Alá os abençoe.





Imagem:
www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/01/409644.shtml


ISRAEL COMETE ATO DE GUERRA CONTRA O MUNDO
Mauro Santayana
Artigo publicado no Jornal do Brasil, em 9/Jan/2009

As crianças continuam a morrer em Gaza e constituem um terço das vítimas. Em todos os ataques de Israel aos palestinos, elas parecem constituir os alvos preferenciais – como nas operações Chuva de Verão e Nuvens de Outono, em junho e novembro de 2006, quando foram mortos 405 palestinos, entre eles 112 crianças. Ontem, um caminhão das Nações Unidas, que levava ajuda humanitária aos sitiados, foi atingido pelas armas de Israel, e seu motorista morreu, o que levou a ONU a suspender as operações de socorro.

O porta-voz da organização desmentiu a versão israelita de que nas escolas atingidas pelos ataques dos últimos dias se homiziavam militantes do Hamas. Ao atacar as escolas e o caminhão das Nações Unidas, o Exército de Israel cometeu ato de guerra contra o mundo. Pela primeira vez, ao que se sabe, um Estado constituído comete ato de agressão contra as nações reunidas pela Carta de São Francisco, além de violar repetidamente suas resoluções e as Convenções de Genebra, conforme denuncia a Cruz Vermelha Internacional. Segundo seu primeiro-ministro, Israel não se preocupa com public relations.

Quando os soviéticos ocuparam os campos de concentração poloneses e revelaram ao mundo a brutalidade dos nazistas, todos os meios de comunicação cuidaram de mostrar a horrenda realidade da `solução final`. A comoção internacional diante dos relatos dos sobreviventes – que em nada exageravam – favoreceu o movimento pela oficialização do Estado de Israel. Durante os anos seguintes, a violência do Exército de Israel contra os palestinos foi piedosamente tolerada: afinal, os judeus haviam sido dizimados nas câmaras de gás, submetidos a experiências genéticas pelos mengeles nazistas, obrigados a conduzir aos fornos crematórios os corpos de seus próprios familiares. O mundo não meditou que os palestinos não haviam inventado o nazismo, nem sido os algozes do Holocausto. Apesar disso, é sobre eles que recai o ódio e o terrorismo do Estado de Israel. Afinal, é mais fácil dizimar palestinos do que alemães.

Como todos os povos do mundo, os judeus têm direito às suas esperanças, suas crenças e sua sobrevivência histórica. Seria bom que, como tantos outros povos, se amalgamassem com a Humanidade como um todo. Não há povos biologicamente ou culturalmente puros. A pluralidade genética dos judeus é confirmada por inúmeros estudos, e as diversas seitas religiosas confirmam que há muitas formas de reverenciar Jeová e os profetas. O povo judeu não é responsável pelo sionismo, nem pelos rumos do Estado de Israel.

Já em 1948, a direita do novo Estado, quase toda procedente dos países eslavos, e conduzida pelo ímpeto da memória dos pogroms, tinha como objetivo a limpeza étnica da Palestina (conforme a análise fundada do professor Ilan Pappe, da Universidade de Haifa, em seu livro The ethnic cleansing of Palestine). Trata-se de conhecido autor judeu, o que nos mostra que nem tudo está perdido. O problema maior é que, conforme o grande sábio hebreu Yeshayahu Leibowitz, todos os Estados têm seu Exército, mas Israel é um Exército que tem o seu Estado.

Naqueles meses iniciais da ocupação da Palestina, os recém-chegados estabeleceram seu plano de genocídio. Sendo, então, pouco mais de 20% dos habitantes, ocuparam 80% do território, expulsaram seus habitantes. Destruíram 400 aldeias e 11 cidades além de desalojarem, para acampamentos no deserto, mais de 750 mil palestinos.

A cada nova operação militar de Israel, desde o massacre de Sabra e Chatila, em 1982, morrem sempre mais crianças. O que tem impedido a consumação do extermínio é a alta natalidade entre os palestinos, sempre registrada em comunidades ameaçadas de extinção.

Os dirigentes de Israel desafiam, com arrogância e desprezo, a opinião pública mundial, e proíbem que jornalistas estrangeiros documentem seus crimes de guerra. É provável uma trégua efêmera, a fim de que se reorganizem, re-elaborem seus planos e voltem a atacar, sob qualquer argumento. Durante todo o ano passado, até o início da agressão recente, no dia 27 de dezembro, os foguetinhos do Hamas não haviam provocado uma só morte em Israel. E, de acordo com Richard Falk, relator especial da ONU sobre o conflito (a quem Israel negou entrada em seu território), há 18 meses que a atual operação vinha sendo preparada, com o bloqueio econômico e os assassinatos seletivos.

sábado, 29 de novembro de 2008

Painéis do BNA

Os Lusíadas – Canto I
"As armas e os barões assinalados,
que da ocidental praia Lusitana,
por mares nunca de antes navegados,
passaram ainda além da Taprobana;
em perigos e guerras esforçados,
mais do que prometia a força humana,
e entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram
.”

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Quem passa pela rua pode ver os lindos painéis de azulejo que enfeitam o saguão de entrada do Banco Nacional de Angola. Fazem alusão a versos dos Lusíadas.

Painel 1 - Os portugueses saem para o mar, é a época das grandes navegações.


Painel 2 - Chegam à África

Painel 3 - Um negro é levado para exibição ao rei



Painel 4 – Importantes acordos


Painel 5 - A catequese

Painel 6 - Construindo novas cidades

Já tentei saber mais sobre eles, pelo menos quem os pintou e quando. Não consegui, o Google não sabe. Fiquei horas pesquisando ontem. Talvez alguém do BNA saiba. Já vi por lá um jogo de cartões postais com fotos desses painéis. Mas são peças de coleção.
Por enquanto ficamos só assim.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sobre o tráfico

Os textos a seguir foram extraídos da brochura “Textos sobre o Comércio Triangular”, editada em Luanda, Angola, pelo Ministério da Cultura, no ano de 2006, por ocasião do aniversário do dia internacional do Tráfico Negreiro e da sua Abolição, celebrado em 23 de agosto
.

Exemplos de Troca
“Uma jovem mulher contra: um rolo de folhas de tabaco, 2 peças de pano, 24 lenços de algodão, um fuzil, uma jarra, 4 potes e 3 medidas de tecido.
Um homem e uma bonita rapariga contra: um rolo de folhas de tabaco, um colar de coral, um mosquete, três cutelos, três chapéus altos, 24 lenços de algodão, 5 peças de tecido, três potes de rum, 12 potes de litro, um chapéu galonado de algodão.”
B. Bavidson - “A mãe África”


Os barcos negreiros: condições de transporte
“O porão de um barco negreiro dispunha de um pé direito de cinco pés. Como os capitães estavam interessados exclusivamente no máximo de escravos vivos a desembarcar no destino, achavam essa altura desmesurada.
Para maior aproveitamento do espaço construíam uma prateleira a meia altura, de cada lado, com largura de 6 pés.
Quando o chão estava repleto enchiam-se as prateleiras. Se o pé direito passava os 6 pés, em vez de uma, construíam-se duas ordens de prateleiras ficando os escravos, muitas vezes, com apenas 20 polegadas para levantar a cabeça.
Assim durante toda a travessia ficavam impedidos de sentar-se sequer. Como iam algemados, perna direita de um à perna esquerda de outro e mãos, por igual, e o espaço inteiramente ocupado (cada um dispunha de 160 cm por 40 cm) não podia um fazer o mais pequeno movimento sem incomodar o vizinho. Acontecia muitas vezes, ao acordar, encontrar um homem o seu companheiro de algemas, morto. Quem encontrasse tinha de descalçar-se porque a solução era caminhar sobre os corpos, à falta de lugar vago para por os pés.”
José Capela - “A Escravatura”



O Suicídio: uma forma de protesto
“Quando estes animais põem o desgosto na cabeça, sentam-se de cócoras, põem o queixo entre os joelhos, as mãos nas orelhas e morrem neste estado, sem querer beber nem comer, ou se os obrigam à força a tomar qualquer coisa não fazem senão gemer durante algum tempo e depois morrer...
Supõe-se que decidem colocar a extremidade da língua na traquéia até sufocarem.”
Anónimo holandês = “Viagens às Costas da Guiné e a América”, 1702

Museu da Escravatura

Está localizado no quilômetro 23 da estrada que liga Luanda à barra do Kwanza, pouco depois da feira de artesanato do Benfica.
A paisagem circundante é belíssima. As instalações são simples. O acervo, modesto e tocante .


Está instalado numa edificação do século XVIII, residência de Dom Álvaro de Carvalho Matoso, um dos mais ativos comerciantes de escravos da costa africana na época.

Dom Álvaro, Cavaleiro da Ordem de Cristo, cristão fervoroso, mandava batizar os escravos antes de os fazer embarcar nos navios negreiros. Para não correrem o risco de morrer pagãos.

sábado, 25 de outubro de 2008

A Rainha Ginga

Da série "Blog também é cultura"

Ginga, a Rainha Quilombola

Nzinga Mbandi Ngola, rainha de Matamba e Angola nos séculos XVI-XVII é cultuada pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola como a heroína das primeiras resistências. Tem despertado crescente interesse dos historiadores e antropólogos para a compreensão do momento histórico que caracterizou sua destreza na resistência à ocupação portuguesa do território angolano e ao tráfico de escravos.
A resistência de Nzinga à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos, usando de várias táticas e estratégias que vão desde a conversão ao cristianismo até práticas de guerra, é fonte para a criação de um imaginário que se impôs como símbolo de luta contra a opressão.
Contemporânea de Zumbi dos Palmares, ambos parecem compartilhar de um tempo e de um espaço comum de resistência: o quilombo.
Veja mais em Sanzalangola.com



Ela não era mole.
Mandou decapitar um tio e envenenou o irmão. Dizem que gostava de sentar-se sobre as costas de suas escravas.
Foi batizada como Dona Ana de Souza, para consolidar um acordo de paz com os Portugueses. Não deu certo.
Aliou-se aos holandeses que, com seu auxílio, conseguiram ocupar Luanda entre 1641 e 1648, quando foram expulsos por Salvador Correia de Sá e Benevides.
Liderava pessoalmente as suas tropas e não queria ser tratada por "Rainha". Preferia que se dirigissem a ela como "Rei".
Morreu em 1680, com idade muito avançada. Após a sua morte, 7000 mil soldados seus foram levados para o Brasil e vendidos como escravos.




Obrigada, Google.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Salvador Correia de Sá e Benevides

O restaurador de Angola: em 1648 D. João IV o encarregou de arrancar Angola ao poder dos holandeses. Descendia da gloriosa família de Mem de Sá e de Estácio de Sá, os fundadores da cidade do Rio de Janeiro.

A importância de Angola era extrema, porque era dali que se fornecia o Brasil de escravos pretos indispensáveis para a cultura das suas terras. A empresa de a reconquistar era tanto mais difícil, quanto pela situação extravagante em que nos achávamos com os holandeses, nossos aliados na Europa, era indispensável que Salvador Correia encontrasse meio de tomar Angola, sem que parecesse que fora ele que tomara a ofensiva, para se não considerarem rotas as pazes com a Holanda. Salvador Correia chegou ao Rio de Janeiro, e apelando para o patriotismo e até para os interesses próprios dos homens abastados, interesse que a perda desse reino prejudicava altamente, despendendo também com liberalidade os seus próprios dinheiros, conseguiu juntar 15 navios, 4 dos quais foram comprados à sua custa, e levando neles 900 homens de desembarque, partiu no dia 12 de Maio para Angola. Nunca empresa tão importante fora intentada com tão pequenas forças. O fim aparente da expedição era edificar um forte na enseada de Quicombo, afim de estabelecer comunicações com os portugueses, que desde a perda de Angola se tinham refugiado em Massangano. Chegou a Quicombo, mas, tomando pretexto de hostilidades que os holandeses faziam aos restos da antiga guarnição portuguesa declarou que era isto uma quebra flagrante da paz, que o autorizava a pedir-lhes uma satisfação. Dirigiu-se para Luanda, tendo já perdido um navio por causa dum rombo no porão, e apenas chegou à capital da província, participou aos holandeses os motivos da sua vinda, as suas razões de queixa, declarando-lhes que, logo que eles não respeitavam a paz estabelecida, também ele se não julgava obrigado a deixar de a infringir, e portanto que exigia que eles se entregassem. Surpreendidos os holandeses com esta audácia, avaliaram em maior do que era o poder dos assaltantes, e pediram 8 dias para tomarem uma decisão. O fim evidente era reunirem as tropas que andavam pelo campo, e Salvador Correia, percebendo-o, apenas lhes concedeu dois dias. No fim do prazo marcado. desembarcou em chalupas 650 soldados e 250 marinheiros, deixando 180 nos navios com muitas figuras pelas enxárcias e pelas amuradas, para que de longe se julgasse muito mais numerosa a tripulação dos navios. Os holandeses, repelidos de todos os pontos exteriores, refugiaram-se na fortaleza do Morro de S. Miguel e no forte de Nossa Senhora da Guia, tendo abandonado tanto à pressa o fortim de Santo António, que nem tiveram tempo de encravar mais do que duas peças das oito que o fortim possuía. Aproveitou-as Salvador Correia, e juntando-as, a quatro meios canhões que mandou desembarcar, formou uma bateria que principiou a bombardear a fortaleza, causando pouco dano, mas produzindo grande terror aos holandeses, assombrados da rapidez com que a bateria se assentara. Viu, porém, Salvador Correia que seria demorado o êxito da bateria, a apertado pela necessidade de impedir que os holandeses fossem reforçados, mandou no dia seguinte, 15 de Agosto de 1648, dar assalto às duas fortalezas ocupadas pelo inimigo. A temeridade era incrível e seria indesculpável, se não fosse a situação perigosa em que Salvador Correia se via. Tinha apenas 900 homens e ia assaltar duas fortalezas, onde a artilharia quase nem tinha aberto brecha e guarnecidas por 1.200 soldados europeus e outros tantos negros. Por isso o assalto deu resultados terríveis. Depois duma escalada audaciosa em que os assaltantes foram repelidos, Salvador Correia mandou recolher as forças, e viu que perdera 163 soldados mortos e 160 feridos. Tinha por conseguinte fora do combate mais da terça parte do seu exército. Salvador Correia, sombrio mas resoluto, ia fazer uma segunda tentativa, quando com grande surpresa, viu aparecer um parlamentário, que vinha propor uma capitulação, o que Salvador Correia resolveu aceitar, receando o resultado de um novo assalto, em vista das perdas enormes que já sofrera. A capitulação foi concedida com todas as honras, facilitando-lhes logo a amnistia que eles pediram para os seus partidários, e assinada a capitulação viu-se o caso estranho de saírem rendidos de duas fortalezas, onde nem quase havia brecha, 1.100 homens e passarem, diante de menos de 600, que a essa força estava reduzida, depois do primeiro assalto, o exército sitiador. Havia já 5 dias que Salvador Correia tomara posse das fortalezas, quando apareceu na cidade, vindo do sertão um corpo de 250 homens acompanhados por mais de 2.000 negros, súbditos da rainha Ginga. Bem desejariam eles romper a capitulação, mas Salvador Correia tomara as suas precauções, fazendo logo embarcar em três navios a guarnição holandesa da cidade; de sorte que os recém chegados, vendo-se sós, capitularam também. Os negros da rainha Ginga é que não quiseram sujeitar-se, e arrojaram os maiores impropérios aos holandeses, por eles os desampararem. A guarnição de Benguela rendeu se a dois navios portugueses sem disparar um tiro, e a da ilha do S. Tomé, apenas soube que Luanda se rendera, partiu desamparando a ilha, deixando a artilharia e munições, de forma que os navios que Salvador Correia enviara para procurarem apoderar-se dessa nossa antiga e importante colónia, encontraram já a bandeira portuguesa arvorada nos fortes. Assim desampararam os holandeses também as suas feitorias de Benguela-a-Velha, de Leango e da Pinda, de forma que em dois meses tinham voltado ao domínio português. Angola e S. Tomé. A vitória quase miraculosa de Salvador Correia deixou de si lembrança tão viva na memória dos povos, que ainda em 1812 se celebrava em Luanda uma festa em acção de graças no dia 15 de Agosto pela vitória alcançada nesse dia por Salvador Correia. Expulsos os holandeses, tinha ainda de subjugar e punir os negros que haviam seguido o seu partido. Os principais eram os súbditos da rainha Ginga, e Salvador Correia, dispondo de poucas forças, alistou ao seu exército muitos franceses, que faziam parte da guarnição holandesa e que tinham ficado em Angola. O comando foi confiado a Bartolomeu de Vasconcelos, que facilmente subjugou os negros dissidentes, vendo-se a rainha Ginga forçada a pedir a paz, por se convencer que nada podia contra os portugueses. No entretanto Salvador Correia dava grande impulso às suas medidas administrativas, favorecendo o desenvolvimento de Luanda, onde se demorou até 1651, ano em que tornou a partir para o Rio de Janeiro, deixando por seu sucessor Rodrigo de Miranda Henriques.
Fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/sasalvadorc2.html

Ele não tinha Blog mas jogava bem. Até que um dia alguém pagou prá ver.