sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sobre o tráfico

Os textos a seguir foram extraídos da brochura “Textos sobre o Comércio Triangular”, editada em Luanda, Angola, pelo Ministério da Cultura, no ano de 2006, por ocasião do aniversário do dia internacional do Tráfico Negreiro e da sua Abolição, celebrado em 23 de agosto
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Exemplos de Troca
“Uma jovem mulher contra: um rolo de folhas de tabaco, 2 peças de pano, 24 lenços de algodão, um fuzil, uma jarra, 4 potes e 3 medidas de tecido.
Um homem e uma bonita rapariga contra: um rolo de folhas de tabaco, um colar de coral, um mosquete, três cutelos, três chapéus altos, 24 lenços de algodão, 5 peças de tecido, três potes de rum, 12 potes de litro, um chapéu galonado de algodão.”
B. Bavidson - “A mãe África”


Os barcos negreiros: condições de transporte
“O porão de um barco negreiro dispunha de um pé direito de cinco pés. Como os capitães estavam interessados exclusivamente no máximo de escravos vivos a desembarcar no destino, achavam essa altura desmesurada.
Para maior aproveitamento do espaço construíam uma prateleira a meia altura, de cada lado, com largura de 6 pés.
Quando o chão estava repleto enchiam-se as prateleiras. Se o pé direito passava os 6 pés, em vez de uma, construíam-se duas ordens de prateleiras ficando os escravos, muitas vezes, com apenas 20 polegadas para levantar a cabeça.
Assim durante toda a travessia ficavam impedidos de sentar-se sequer. Como iam algemados, perna direita de um à perna esquerda de outro e mãos, por igual, e o espaço inteiramente ocupado (cada um dispunha de 160 cm por 40 cm) não podia um fazer o mais pequeno movimento sem incomodar o vizinho. Acontecia muitas vezes, ao acordar, encontrar um homem o seu companheiro de algemas, morto. Quem encontrasse tinha de descalçar-se porque a solução era caminhar sobre os corpos, à falta de lugar vago para por os pés.”
José Capela - “A Escravatura”



O Suicídio: uma forma de protesto
“Quando estes animais põem o desgosto na cabeça, sentam-se de cócoras, põem o queixo entre os joelhos, as mãos nas orelhas e morrem neste estado, sem querer beber nem comer, ou se os obrigam à força a tomar qualquer coisa não fazem senão gemer durante algum tempo e depois morrer...
Supõe-se que decidem colocar a extremidade da língua na traquéia até sufocarem.”
Anónimo holandês = “Viagens às Costas da Guiné e a América”, 1702

Um comentário:

  1. Oportunas, estas postagens.
    Na semana que entra (dia 20) será o Dia da Consciência Negra.
    Espero que possa ser tornar algo além de um feriado.

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