domingo, 30 de janeiro de 2011

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer



O Balaio do Kotscho contou esta semana a história do garçon Odair José da Costa que, aos 37 anos de idade e 218 quilos de peso, conseguiu na justiça reconhecer o seu direito de acesso a um tratamento médico adequado e de boa qualidade. (leia mais)

Desde junho Odair está internado no Spa Médico São Pedro, de Sorocaba, um dos melhores do Brasil, e já perdeu 118 quilos. Já falei desse SPA algumas vezes aqui no blog.
O pagamento da conta, por força de decisão judicial, está a cargo da Prefeitura de Uberaba, onde Odair nasceu e sempre morou.
O assunto deu pano prá manga lá no Balaio, alguns aplaudindo, outros protestando.

Mas por que estou falando disso?

Porque vejo muitas similaridades entre a história do Odair e as histórias relatadas neste blog, contadas por pessoas que precisam recorrer ao sistema público de saúde para realizar uma artroplastia de quadril e encontram a porta fechada.

O círculo vicioso é muito perverso. Para que o gasto do sistema seja o menor possível, os materiais usados pelo SUS são de baixa qualidade (prótese e cimento) e duram pouco. Além disso, a substituição da prótese ainda é problemática. Porque os materiais duram pouco e a substituição é problemática, os médicos evitam indicar a cirurgia para pessoas cuja expectativa de vida seja maior do que o provável tempo de duração da prótese. O “protocolo” observado é o da empurroterapia, que recomenda protelar a cirurgia até o paciente envelhecer o suficiente para não correr o risco de ver a prótese estragar.
E aí são anos e mais anos de vida improdutiva e cheia de dores. Coisa que ninguém merece.

O Odair mostrou o caminho das pedras. “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, diz a Constituição Federal. Torço para que outros sigam os seus passos.

2 comentários:

  1. Aiii que dificil isso hem... Não tenho dúvidas que todos devem ter os melhores tratamentos de saúde. Mas ficar internado num SPA por conta da prefeitura de uma cidade pequena me parece uma tremenda injustiça com os moradores da cidade que pagam seus impostos e não tem acesso a tratamentos de saúde dignos.

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  2. Menina,
    Acho que uma coisa não se faz em detrimento de outra. Não tem que ser uma escolha, embora muitas vezes sejamos equivocadamente levados a racionar assim.
    Faço uma analogia com as farmácias de alto custo, bancadas pelos orçamentos municipais, (em Brasilia pelo GDF), muitas vezes por ordem judicial, e que distribuem medicamentos caríssimos a pacientes do SUS. A pessoas que não teriam, de outra forma, o bolso suficientemente fundo para arcar com a despesa. Pouquíssimas teriam, aliás. Não podemos ser contra isso, mesmo que outros pacientes do SUS não consigam fazer uma simples mamografia ou agendar uma consulta com um pediatra.
    Acho que a justiça social será conquistada quando todos tivermos pleno acesso ao tratamento mais indicado em cada caso, com utilização da tecnologia médica mais atual que exista.
    Bjks

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