sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O conto da sereia

Achei um recorte do Jornal de Angola do dia 18 de outubro. Copio abaixo, para quem quiser saber sobre o custo de vida em Luanda, condições de moradia, concentração de renda, disparidade social e coisas assim.

"Conto de Kianda" nasce entre Mussulo e Barra do Kwanza
João Dias

Entre Barra do Kwanza e o Mussulo, bem a 27 quilômetros de Luanda, está a nascer um condomínio para a classe alta, cuja construção inicia em Setembro do próximo ano com termo previsto para 2011.
Trata-se do primeiro grande projecto fora de Portugal, após ter sido criada a imobiliária com nome de Planigest em Julho último, uma empresa de participação mista (Portugal - Angola), segundo o sócio gerente da imobiliária, Paulo Nunes.
Participante na sexta edição da "Constrói Angola", a empresa parte assim pela primeira vez em Angola (já materializado em Portugal) para um projecto desta dimensão.
Os custos das residências, que ocupam áreas úteuis de construção que vão desde os 500 metros quadrados aos três mil metros quadrados, não são desde já baratos, sublinha o gestor.
Numa altura em que seis das 50 casas que compõem o "Conto de Kianda" já foram compradas, Paulo Nunes afirma que os preços já estão definidos.
Assim, embora Paulo Nunes não tivesse avançado o preço máximo das residências, avançou, porém, o preço mínimo que ronda os quatro milhões de dólares.
"O preço de produtos de luxo não é barato. E isto é assim em todo o mundo e aqui não foge à regra", referiu.
O projeto traz o rasto da inovação habitacional, segundo o gestor, onde o espírito ecológico e de respeito ao ambiente cruza-se com a arte e o novo conceito de "residir". Espaços completamente verdes, piscinas espaçosas e espelhos de água, designer bastante modernos, um cruzamento harmonioso entre luz natural, cor e luminosidade artificial, é o toque arquitetônico da marca que a imobiliária promete para seus clientes.
O estilo das casas traduz a arte dos produtos de prestígio ao nível do que melhor se fazem na Europa. Em Angola, o condomínio comportará espaços para a prática de actividades desportivas e de lazer, como golfe, actividades náuticas, pesca desportiva, entre outras.

Um parênteses para um pouco de cultura inútil:
Sobre a palavra "Kianda", o blog http://amateriadotempo.blogspot.com/2006/03/kianda.html diz o seguinte:

As gentes do povo, em Angola, acreditam convictamente na existência de sereias, que dizem ser dotadas de poderes sobrenaturais. Em quimbundo, as sereias são chamadas ianda, no singular kianda. Cada meio aquático tem uma sereia, isto é, cada rio, cada lagoa, quase cada charco tem a sua kianda, que toma o nome do rio, lagoa ou cacimba. De certa forma, ela é a encarnação do próprio meio aquático.As histórias de sereias que ouvi mais frequentemente relatavam o aparecimento de uma sereia a um homem pobre, a quem ela revelava a existência de um tesouro. Subitamente enriquecido, o homem passava a comportar-se de modo egoísta, gastando toda a riqueza em seu proveito pessoal e não em benefício da comunidade. Como castigo, a sereia acabava por fazer desaparecer o tesouro, ficando o homem na mais completa miséria. Por vezes, o castigo era mais duro e o homem ficava para sempre encantado no fundo do rio ou da lagoa.

Outros "conceitos de residir" muito familiares a quem mora em Luanda:







3 comentários:

  1. Eu pensava que conhecia Angola e os angolanos, antes de ler blogues brasileiros.

    Pena que Salvador Correia de Sá não tivesse blog.

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  2. As fotos são pungentes e os textos ricos em informação.

    Blz!

    Aquela casa com a árvore está impressionante.
    E você conseguiu me fazer ter saudades de Brasília (com as flores...)
    bjs

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  3. muito legal gostei do texto

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