segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Daqui a dez dias ....



Daqui a dez dias vou arrumar a mala. Vou deixar o inexorável para depois. Antes preciso tomar fôlego para enfrentar os medos, porque hoje estou como quem está prestes a saltar de paraquedas.

Vou para o deserto. O deserto não me assusta: Egito, Jordânia e Síria. Na volta o resto se resolve. No momento oportuno.

Fui buscar o Fernando Pessoa. Será que existe sentimento que não esteja ali descrito?
..........
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
..............
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.

Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
...................
                                   Álvaro de Campos

3 comentários:

  1. M.Jo.
    Desde Santo André (e portanto, desde Luanda) sinto que você é uma companheira, um membro da Resistência
    (à PVC, claro)
    Se puder, vai mandando impressões, fotografias ou areia desértica pra gente fazer um pouco da viagem com você.
    beijos,
    olimpia

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  2. Não gosto de pensar na vida como um deserto. Prefiro imaginar que há lacunas. "O tempo que conduz é o mesmo que separa", canta Isabela Taviani.

    Seja como for, um pouco de deserto de areia deve ajudá-la a encontrar coragem pro salto de paraquedas. A vida pode guardar tanta alegria para a próxima página...

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  3. Ué...
    Pensei ter respondido a vocês, mas a resposta sumiu.

    Olímpia,
    Sou mesmo da resistência. Unidas venceremos.
    Vou mandar notícias.

    Ciça,
    O deserto é lindo.

    Bjks

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