terça-feira, 15 de setembro de 2009

Onde está o dinheiro?


O gato comeu, o gato comeu.
E ninguém viu.
O gato sumiu, o gato sumiu.
E o seu paradeiro
é no estrangeiro
onde está o dinheiro.

Composição: Paulo Barbosa, Francisco Matoso e José Maria de Abreu
Canta: Gal Costa
Para ler a letra e ouvir a melodia clique aqui
================

Li sobre esse assunto há uns meses atrás "Nos Cus de Judas", mas não percebi direito a história. Hoje recebi por e-mail uma narrativa mais explicadinha, do Novo Jornal. Saiu também no Angonotícias.


Angola comprou acções do Banif e nunca as viu

Polémica. Confusão. São dois dos adjectivos que melhor se enquadram numa história que tem poucos fios condutores. E muitas esquinas e becos escuros. Tudo se resume assim: o Estado Angolano, em 1994, destinou 150 milhões de dólares para adquirir uma participação no Banco Internacional de Funchal (Banif), de Portugal. Hoje, 11 de Setembro de 2009, é certo que Angola não é proprietária de uma única acção do Banif.
O enigma que se impõe é simples, mas de difícil resolução: onde estão os tais 150 milhões de dólares? Se o Estado não tem nenhuma participação mas o dinheiro “saiu”, quem se beneficiou? Durante a semana a Procuradoria–Geral da República, dirigida pelo polémico Procurador, General João Maria de Sousa, confirmou ter entregue à “justiça portuguesa uma queixa-crime contra o advogado Francisco Maria Guerreiro da Cruz Martins e outros intervenientes”, para já não identificados.
Segundo o PGR, Angola sente-se “lesada nos seus interesses patrimoniais em mais de 150 milhões de usd”.
Vários órgãos de comunicação social portuguesa têm destacado este assunto nas primeiras páginas: primeiro foi o Diário de Noticias, em Junho, tal como o Novo Jornal deu conta, depois o Expresso em Agosto e agora foi a vez do diário “i”, que fez mesmo manchete na terça-feira, 8/09.
Em declarações ao Semanário Expresso, Francisco da Cruz Martins afirmou não crer “que seja alvo correcto de semelhante acusação. Que outros tenham praticado tais actos, posso admitir”, disse.
E de facto há “outros” nomes envolvidos neste caso: os empresários António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais, portugueses que chegaram na deter avultadas participações na instituição bancária.
No entanto, não é crível que apenas 3 empresários estejam envolvidos nesta mega-burla. Camilo Lourenço, analista, economista e Jornalista luso, dizia na televisão que “se especulava do envolvimento de altas figuras, portuguesas e angolanas”. E completava: “Segundo as minhas fontes, o valor em causa pode até ser o tripulo de 150 milhões de dólares”.

Curvas e contra curvas


O triplo era, mais ou menos, o valor avançado pelo Diário de Notícias português, em Junho. 360 Milhões de dólares. Só que a notícia falava numa queixa do Banco Nacional de Angola (BNA). Agora percebe-se que pouco terá a ver com esta estrada sinuosa. Na altura, contactada pelo Novo Jornal, Amélia Borgia, porta-voz do BNA, afirmou peremptoriamente que o regulador “não apresentou queixa nenhuma em Portugal”e que “desconhecia por completo o assunto em causa”.
Nos últimos dias foi também tornado público parte do caminho que os tais 150 milhões de dólares tiveram. Durante a investigação ficou claro que a compra das acções não era para ser feita em bolsa. Por isso, a partir de Outubro de 1994, segundo o Semanário Expresso, terão sido feitas várias operações, “com compras de sociedades offshore que detinham acções do Banif, através de outras sociedades offshore”. O dinheiro ai chegando de Angola em várias parcelas, à medida que surgiam as oportunidades de investimento.
O governo angolano terá então estranhado os preços a que as transacções terão sido feitas, acima do valor a que esteva a ser negociada em bolsa. Por exemplo: um lote de 2 milhões de acções terá sido negociada a E15 cada, entre o final de 1994 e o único de 1995. O problema é que, em 1994, a cotação variou entre os E5,76 (valor de fecho mais baixo) e os E7,68 (o valor de fecho mais elevado). “No ano seguinte, variou entre E6,48 e E7,58”, escreveu o Expresso.
O objectivo inicial era comprar 8,48 milhões de acções, correspondente a 49 por cento, o primeiro objectivo.
Angola acordou para este imbróglio quando recebeu uma factura de honorários “por serviços prestados”, endossada por Francisco da Cruz Martins, na ordem dos 19,5 milhões de euros. Mas, se Martins tinha sido “contratado” (sem contrato assinado, porque o acordo terá sido sempre verbal) para comprar 49 por cento do Banif em nome do Estado, como pode cobrar honorários por uma por uma participação que não existe? “Quando presto um serviço reclamo os correspondentes honorários. Tal como qualquer profissional cobra pelos serviços que presta o que entende ser justo, nesta caso, como não confirmo nem desminto qualquer relação com o assistente no processo mencionado, seria incoerente comentar esta questão”, justifica o advogado, em declarações ao Expresso, em Agosto.
14 Sep 2009
Fonte:Novo Jornal

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Blog está fechado. Obrigada pela visita.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.