terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Quem já ouviu falar nos Shministim?


Os Shministim são jovens israelenses secundaristas, de 18 e 19 anos, que se recusaram ao serviço militar obrigatório por razões de consciência. Não querem integrar um exército de ocupação.

Estão presos.

No dia 18 de dezembro o grupo "Jewish Voice for Peace" iniciou uma campanha mundial pela sua libertação. Suas histórias estão no site http://www.december18th.org/ ou no YouTube .


Esses garotos estão sofrendo pressões enormes. Da família, de amigos, do governo. Pedem nosso apoio, das pessoas que querem a paz. Esperam receber centenas de milhares de cartas que serão entregues ao Ministro da Defesa de Israel.

O mundo precisa de muitos Shiministim. Uma luz de racionalidade e de consciência no meio do absurdo da guerra e dos crimes que se perpetuam contra a humanidade. Que Deus / Javé / Alá os abençoe.





Imagem:
www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/01/409644.shtml


ISRAEL COMETE ATO DE GUERRA CONTRA O MUNDO
Mauro Santayana
Artigo publicado no Jornal do Brasil, em 9/Jan/2009

As crianças continuam a morrer em Gaza e constituem um terço das vítimas. Em todos os ataques de Israel aos palestinos, elas parecem constituir os alvos preferenciais – como nas operações Chuva de Verão e Nuvens de Outono, em junho e novembro de 2006, quando foram mortos 405 palestinos, entre eles 112 crianças. Ontem, um caminhão das Nações Unidas, que levava ajuda humanitária aos sitiados, foi atingido pelas armas de Israel, e seu motorista morreu, o que levou a ONU a suspender as operações de socorro.

O porta-voz da organização desmentiu a versão israelita de que nas escolas atingidas pelos ataques dos últimos dias se homiziavam militantes do Hamas. Ao atacar as escolas e o caminhão das Nações Unidas, o Exército de Israel cometeu ato de guerra contra o mundo. Pela primeira vez, ao que se sabe, um Estado constituído comete ato de agressão contra as nações reunidas pela Carta de São Francisco, além de violar repetidamente suas resoluções e as Convenções de Genebra, conforme denuncia a Cruz Vermelha Internacional. Segundo seu primeiro-ministro, Israel não se preocupa com public relations.

Quando os soviéticos ocuparam os campos de concentração poloneses e revelaram ao mundo a brutalidade dos nazistas, todos os meios de comunicação cuidaram de mostrar a horrenda realidade da `solução final`. A comoção internacional diante dos relatos dos sobreviventes – que em nada exageravam – favoreceu o movimento pela oficialização do Estado de Israel. Durante os anos seguintes, a violência do Exército de Israel contra os palestinos foi piedosamente tolerada: afinal, os judeus haviam sido dizimados nas câmaras de gás, submetidos a experiências genéticas pelos mengeles nazistas, obrigados a conduzir aos fornos crematórios os corpos de seus próprios familiares. O mundo não meditou que os palestinos não haviam inventado o nazismo, nem sido os algozes do Holocausto. Apesar disso, é sobre eles que recai o ódio e o terrorismo do Estado de Israel. Afinal, é mais fácil dizimar palestinos do que alemães.

Como todos os povos do mundo, os judeus têm direito às suas esperanças, suas crenças e sua sobrevivência histórica. Seria bom que, como tantos outros povos, se amalgamassem com a Humanidade como um todo. Não há povos biologicamente ou culturalmente puros. A pluralidade genética dos judeus é confirmada por inúmeros estudos, e as diversas seitas religiosas confirmam que há muitas formas de reverenciar Jeová e os profetas. O povo judeu não é responsável pelo sionismo, nem pelos rumos do Estado de Israel.

Já em 1948, a direita do novo Estado, quase toda procedente dos países eslavos, e conduzida pelo ímpeto da memória dos pogroms, tinha como objetivo a limpeza étnica da Palestina (conforme a análise fundada do professor Ilan Pappe, da Universidade de Haifa, em seu livro The ethnic cleansing of Palestine). Trata-se de conhecido autor judeu, o que nos mostra que nem tudo está perdido. O problema maior é que, conforme o grande sábio hebreu Yeshayahu Leibowitz, todos os Estados têm seu Exército, mas Israel é um Exército que tem o seu Estado.

Naqueles meses iniciais da ocupação da Palestina, os recém-chegados estabeleceram seu plano de genocídio. Sendo, então, pouco mais de 20% dos habitantes, ocuparam 80% do território, expulsaram seus habitantes. Destruíram 400 aldeias e 11 cidades além de desalojarem, para acampamentos no deserto, mais de 750 mil palestinos.

A cada nova operação militar de Israel, desde o massacre de Sabra e Chatila, em 1982, morrem sempre mais crianças. O que tem impedido a consumação do extermínio é a alta natalidade entre os palestinos, sempre registrada em comunidades ameaçadas de extinção.

Os dirigentes de Israel desafiam, com arrogância e desprezo, a opinião pública mundial, e proíbem que jornalistas estrangeiros documentem seus crimes de guerra. É provável uma trégua efêmera, a fim de que se reorganizem, re-elaborem seus planos e voltem a atacar, sob qualquer argumento. Durante todo o ano passado, até o início da agressão recente, no dia 27 de dezembro, os foguetinhos do Hamas não haviam provocado uma só morte em Israel. E, de acordo com Richard Falk, relator especial da ONU sobre o conflito (a quem Israel negou entrada em seu território), há 18 meses que a atual operação vinha sendo preparada, com o bloqueio econômico e os assassinatos seletivos.

3 comentários:

  1. Cara bloguista,

    O texto que reproduziu deixa transparecer um tendenciamento pró-palestino que gostaria aqui compensar.

    É verdade que crianças estão morrendo em Gaza, assim como adultos, velhos, doentes, etc. Porém, ao contrário do que o autor escreve, tal não se dá em virtude de um extermínio seletivo condizido pelo exército israelense. Ocorre porque, infelizmente, são seres frágeis que não têm como se defender/proteger sozinhos. Ocorre, também, porque o Hamas repetidamente utiliza áreas residenciais, densamente povoadas, como escudos humanos para seus ataques à Israel.

    O autor se esquece, igualmente, que na maioria das vezes em que forma atacadas regiões habitadas, as forças israelenses lançaram avisos (panfletos, telefonemas) informando a proximidade do ataque e aconselhando aos moradores a deixarem as suas casas. A quantidade de vidas salvas por isso, o autor, convenientemente, não menciona.

    Não defendo o ataque às instalações da ONU. Israel já admitiu que foi um acidente e que um inquérito foi aberto. O resultado do mesmo somente o tempo dirá, mas indica, ao menos, a disposição daquele país em assumir responsabilidade pelo ocorrido. Algo que não pode-se dizer do Hamas, cuja recusa em manter a trégua proposta por Israel, acrescida do reinício do lançamento dos foguetes iranianos (por que você não acredita que com materiais caseiros seja possível se construir mísseis com alcanse de 30 Km ou mais, não é mesmo ?) provocou toda este banho de sangue.

    Menciona-se no texto de as punições coletivas impostas aos palestinos, o sofrimento e o morticínio que vêm sofrendo nas mãos de seus algozes judeus. É verdade ! Eles vêm sofrendo mesmo. Mas não são, de forma alguma, os santinhos que o autor pinta.

    O breve relato que faz dos conflitos árabes e de como estes influenciaram a presente situação palestina é incompleto e tendencioso e não dá a real dimensão do ocorrido. Esquece-se de se comentar que:

    a) em 29/11/1947 o plano de partição da Palestina proposto pela ONU (resolução 181) e aceito pelos israelenses, foi recusado pela Liga Árabe, que incitou os árabes ali residentes a atacarem seus novos vizinhos. Fato que trouxe como resultado a expulsão/fuga de 250.000 palestinos.

    b)em 15/05/1948, no dia seguinte ao término do Mandato Britânico na Palestina, Israel (que não possuia exércitos) foi atacado por um exército pan-árabe composto por 9 nacionalidades, amplamente auxiliado por parcelas da população palestina. Fato que trouxe como consequência a fuga de 711.000 palestinos (segundo estimativas da ONU).

    c)em 1967, o Egito, a Síria e a Jordânia, países limítrofes de Israel, posicionaram tropas em suas fronteiras e impuseram um bloqueio naval ao país, resultando na Guerra dos 6 Dias, cujo final trouxe a destruição dos exércitos árabes e a anexação da Cijordânia, da Faixa de Gaza, da Península do Sinai (devolvidas ao Egito em 1977, dentro de um amplo tratado de paz), e das Colinas de Golã.

    d)em 06/10/1973, no dia mais sagrado para os judeus (Yom Kippur - dia do perdão), tropas egípcias e sírias lançaram um ataque surpresa contra Israel, o qual somente foi repelido a grande custo.

    e)que em 2000, durante a Cúpula de Paz sobre o Oriente Médio, em Camp David, o primeiro ministro israelense Erud Barak, numa tentativa de regularizar a situação com os palestinos ofereceu a maior parte daquilo que pediam:

    I. o controle de parte de Jerusalém, que passaria a ser capital do Estado Palestino;

    II. o retorno (com algumas pequenas alterações) às linhas fronteiriças de 1967;

    III. A criação do Estado Palestino;

    f) que tal proposta foi terminantemente recusada por Yasser Arafat (então 1º Ministro palestino) porque não contemplava a questão dos refugiados.

    Esquecia-se aquele líder palestino que do ponto de vista populacional, o retorno dos refugiados implicaria na implosão do Estado Israelense, pois, os judeus passariam a ser minoria em seu próprio país.

    É muito fácil se reclamar da "violência" aplicada pelos israelenses, dos meios brutais com que trava guerras, etc. O que se esquece, convenientemente, é que se trata de uma população cercada por um mar de inimigos (Estados hostis) que, se tivessem chance, varreriam os judeus para o mar. Esquece-se de que Israel não pode perder NENHUMA guerra, pois, aquela que perder será a ÚLTIMA.

    É este fato, mais do que qualquer outra consideração, o que determina e condiciona o comportamento israelense. É preciso que se imponha nos corações de seus inimigos um medo tal que estes nunca mais se arrisquem a atacá-lo. Que estes saibam que todo e qualquer ataque à seu solo será SEMPRE devolvido com violência brutal e desproporcional.

    Esse histórico que fiz não significa que defendo o estado de coisas naquela região, muito pelo contrário. Mas, apenas, que os problemas não são tão simples quanto se quer fazer acreditar; que a falta de vontade política (míopia, se preferrir) é um fenômeno comum aos DOIS povos; e que se é certo que Israel não é nenhum santo, tão pouco é verdade que ele seja o demônio executor pintado no artigo. O erro há em ambos os envolvidos.

    att.

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  2. Prezado Anônimo,
    Nessa briga, razões, argumentos e acusações sobram dos dois lados. Concordo com você, quando diz que os problemas não são simples e que todos cometeram erros. Não há sentido em atribuir culpas, não interessa saber quem começou, quem fez pior, quem agiu, quem reagiu. Só interessa saber como parar com a insanidade e com a truculência. Os Shiministim se movem no caminho da conciliação. Merecem meu aplauso e reconhecimento. Tenho prá mim que a paz não se obtém pelo medo, ou pela intimidação. Acredito no caminho da tolerância, da valorização da vida e do respeito aos direitos humanos.
    Abraços

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  3. É algo difícil se falar de Direitos Humanos quando se tem pela frente indivíduos que valorizam ataques suicidas, que se aproveitam do profundo desespero e desencanto de jovens que não vêm nenhum futuro para sí ou para os seus, para torná-los em misseis humanos , teleguiados somente por seu ódio e pelas promessas de recompensa divina.

    Se os palestinos realmente fossem inteligentes, eles poriam de lado o uso da força e fariam como os indianos, que pacificamente expulsaram os ingleses de seu país.

    Você escreve sobre métodos para parar a violência, Gandhi demonstrou magnificamente o quê fazer. Basta imitá-lo !

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