segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Reincidente

A notícia está na Voz da América



A embaixada de Angola em Washington está, outra vez, sem contas bancárias nos Estados Unidos. Desta vez, as contas foram encerrradas pelo banco Sonabank, onde a missão diplomática angolana as abrira há menos de um mês, com uma carta de recomendação do Departamento de Estado.

Esta é a terceira vez em sete meses, que a embaixada de Angola em Washington vê um banco encerrar as suas contas, o que levanta dúvidas sobre a capacidade de funcionamento desta missão diplomática.

A embaixada abriu contas no Sonabank, Southern National Bankcorp of Virgínia, no final do mês passado, solucionando assim uma crise aberta pelo Bank of America, que lhe encerrara as contas quase dois meses antes.
A perda de serviços bancários pela embaixada gerou tensão entre Luanda e Washington. O encarregado de Negócios americano em Luanda, David Brooks, foi chamado ao Ministério das Relações Exteriores, e a embaixadora angolana em Washington, Josefina Pitra Diakité, foi chamada à sua capital para consultas.

Depois do encerramento das contas pelo Bank of America, e antes pelo Banco HSBC, Angola exigiu aos Estados Unidos que resolvesse o problema, alegando que, sem acesso a contas bancárias, a embaixada não pode funcionar normalmente, pois fica sem meios para pagar salários, renda e despesas correntes.

O Departamento de Estado disse estar interessado em ajudar Angola a manter a embaix ada a funcionar, mas lembrou que, por lei, não pode obrigar nenhum banco a aceitar qualquer cliente.

E, no mês passado, escreveu uma carta de recomendação, com base na qual o Sonabank acedeu a prestar serviços bancários à embaixada e tendo sido abertas várias contas. Só que, esta semana, o banco escreveu à embaixada anunciando que encerrava as suas contas, após uma análise legal do seu histórico bancário.

O banco não disse, especificamente, que transacções detectou que possam ser consideradas questionáveis. Uma investigação do Senado americano, há cerca de um ano, denunciou transferências ilegais do banco central para contas privadas.

Um diplomata americano instado pela VOA a pronunciar-se sobre que transacções se podem ter sobreposto a uma carta de recomendação do Departamento de Estado, disse que essa pergunta devia ser apresentada ao banco e à embaixada.

À VOA um diplomata angolano disse que esta situação “compromete as relações entre os dois países e causa desconforto”.

A embaixadora Josefina Pitra Diakité, entretanto regressada a Washignton quando o problema se resolveu, está de novo em Luanda.

A viagem à capital estava programada – a embaixadora vai participar na reunião do Comité Central do MPLA - mas a carta do banco foi recebida imediatamente antes da partida da diplomata.

Até a crise se resolver, a embaixada angolana terá que recorrer às contas bancárias do consulado de Angola em Houston, no Texas, como fez durante os meses de Novembro e Dezembro passados.
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Comentário do Blog:

Enquanto isso, o Banco Nacional de Angola anuncia a criação de um componente organizacional vocacionado à "prevenção e detecção de tentativas de utilização do sistema financeiro angolano para actos de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo".
Exatamente o mesmo tipo de cuidado que, praticado pela polícia financeira do Tio Sam, resultou no bloqueio das contas da Embaixada.
A iniciativa do BNA é louvável, se for além da mera conversa fiada. E existem as contas das reservas, para começar a  praticar. O melhor exemplo começa em casa.  



Vê se maneraê, Josefina.












Atualização:

O Blog Morro da Maianga abordou com grande propriedade a questão da lavagem de dinheiro (ou branqueamento de capitais) em Angola, e sua indissociável relação com a corrupção governamental e desvio de verbas públicas. 
Recomendo a leitura do post Angola já é uma grande "lavandaria"?

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