segunda-feira, 19 de maio de 2008

Myanmar



Ano passado estive em Myanmar, no sudeste asiático. Antigamente chamava-se Birmânia, ou Burma. É um país bonito, tropical, rural. Povo alegre e muito, muito pobre. Apesar de o turismo ser uma fonte de renda importante, o nosso grupo era um dos poucos que estavam por lá em novembro, logo depois da revolta dos monges contra a junta militar que há anos governa o país.
E existem milhares de monges em Myanmar. Parece que todo menino tem de passar pela experiência do monastério, pelo menos uma vez na vida. Os monges não podem mentir, roubar, matar ou praticar sexo. Outras faltas até podem ser relevadas, mas estas não. Se apanhados, são expulsos. Dizem que é como um coqueiro cortado, não se pode recompor.
Todos os homens usam saia, chama-se "long-ti", ou coisa parecida. As mulheres pintam o rosto com uma pasta chamada "tanaká". Ninguém usa sapatos, apenas sandálias. Roupas ao estilo ocidental, apenas os empregados dos hotéis e restaurantes.
Certa vez, durante a visita a um pagode, um garoto me pediu para ver o dinheiro do meu país. Achei na bolsa uma nota de R$ 2,00, dei a ele e expliquei valer cerca de US$ 1,70, ou 2 mil Kyats, a moeda local (pronuncia-se "tcheks", mais ou menos). Na saída do pagode, um outro garoto me abordou pedindo para cambiar a mesmíssima nota de R$ 2,00 por Kyats ou dólares. Era muita grana, ele não podia se dar ao luxo de guardar.

Há duas semanas Myanmar foi devastado por um ciclone. Um milhão de pessoas desabrigadas, mais de 150 mil mortos e desaparecidos. Apenas hoje o governo abriu as portas para ajuda internacional, permitindo a entrada de equipes médicas e voluntários para distribuição de alimentos, água, roupas e remédios.
Os sorrisos dessas fotos podem não existir mais.

Um comentário:

  1. pois é... Até outro dia, para mim, Mianmar nem existia. Só existia Birmânia, que era quem não existia na verdade. E agora que eu sei que existe fiquei triste com a catástrofe. Antes seria apenas uma notícia sobre um lugar distante, tão distante quanto marte.

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