A padaria da minha rua

Uma vez por ano, pelo que eu tenho percebido, a padaria da minha rua inaugura uma nova administração. Trocam o nome, o letreiro e o lugar da geladeira de sorvete.
Trocam também o horário de funcionamento aos domingos. Às vezes abre, às vezes não abre. Vão alternando, a cada mudança de gerência. Atualmente está abrindo. Aboliram o frango assado e instituíram um "café colonial", das 7 às 11 e meia.
A lista das mudanças costuma incluir todos os balconistas e a cozinheira do "self service" que funciona na hora do almoço, de segunda a sábado.
O que mais muda são os padeiros. E, por decorrência obrigatória, a qualidade do pãozinho francês. Mais bromato, menos bromato, e assim vai.
Mas tem uma coisa que não muda. Com a única exceção do pão francês, todas as demais categorias de pão só aparecem na prateleira dois dias após a data de fabricação. Nunca tem pão do dia, fresquinho, recém chegado. Ganha um brigadeiro quem conseguir achar um pacote de pão de forma, ou de leite, fabricado no dia. No máximo, estourando, tem pão da véspera.
Já reclamei várias vezes. Me olham como se eu fosse um ET, fazendo um comentário absurdo e despropositado. "Como assim? Claro que tem pão de hoje. Só se acabou." O problema é que toda vez que vou à padaria, acabou. Ou acabou de acabar. Ou está chegando. Ou vai chegar de tarde.
Hoje, na hora do almoço, perguntei de novo. Ia chegar de tarde. Voltei lá há pouco. Não tinha. Mas tinha uma novidade. Os pães com validade expirando hoje estavam com 50% de desconto.